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Pela primeira vez, baleias jubarte são vistas em grupos com até 200 animais

Mudança de comportamento observado na África do Sul intriga cientistas

Vista aérea de um grupo com centenas de baleias jubarte se alimentando
Foto: PLOS ONE / Jean Tresfon
Vista aérea de um grupo com centenas de baleias jubarte se alimentando Foto: PLOS ONE / Jean Tresfon

RIO — As baleias jubarte não são animais conhecidos pela sociabilidade. Normalmente, viajam pelos oceanos sozinhas, em pares ou pequenos grupos, e uma mudança súbita neste comportamento está intrigando os cientistas. Um estudo publicado no início do mês na “PLOS ONE” relata o avistamento de supergrupos com até 200 desses cetáceos.

— Não é usual vê-las em grupos tão grandes — disse Gísli Vikingsson, do Instituto de Pesquisa Marinha e Aquática da Islândia, em entrevista à “New Scientist”.

Esses supergrupos foram avistados se alimentando na costa sudoeste da África do Sul, milhares de quilômetros ao norte dos locais típicos de alimentação, nas águas polares da Antártica. O comportamento foi identificado em três expedições diferentes, em 2011, 2014 e 2015, além de em algumas observações aéreas.

Durante os verões no Hemisfério Sul, as baleias jubarte normalmente ficam na região polar, se alimentando de krill para estocar gordura. Nos invernos, elas migram para águas tropicais e subtropicais mais quentes, para as fêmeas darem à luz e cuidarem das crias. O que provocou a alteração no comportamento ainda é uma incógnita.

— Eu nunca vi algo assim — disse Ken Findlay, pesquisador da Universidade de Tecnologia da Península do Cabo e líder do estudo.

A mudança no comportamento pode ser uma resposta às alterações na disponibilidade de krill. Ou elas podem ter estado sempre ali, mas nunca foram avistadas antes. As baleias jubartes foram vistas se alimentando nessa região da costa sul-africana apenas uma vez, há quase um século, mas a pesca reduziu seus números em cerca de 90%.

— É possível que este comportamento estava ocorrendo, mas onde não era visível — disse Findlay. — Como existiam tão poucas delas, talvez não as tenhamos visto.

Dessa forma, é possível que a observação seja um sinal de recuperação da espécie, cuja população vem aumentando nos últimos anos.

— Nas últimas décadas, repentinamente elas parecem ter superado alguma barreira e começaram a aumentar muito rápido — disse Vikingsson.