Rio

Jurado que tirou um décimo da Mocidade diz que escola não enviou errata sobre destaque

Escola ficou com o vice-campeonato por um décimo de diferença
Mocidade: beleza no desfile da escola de Padre Miguel Foto: Divulgação Movinfocopress
Mocidade: beleza no desfile da escola de Padre Miguel Foto: Divulgação Movinfocopress

RIO - O jurado da categoria 'enredo' Valmir Aleixo se defendeu das acusações de que ele teria tirado o título de campeã do carnaval 2017 da Mocidade Independente de Padre Miguel. Segundo Aleixo, o destaque de chão "O esplendor dos 7 mares" estava descrito no material sobre o desfile entregue a ele em janeiro e que houve uma "falha administrativa" da escola por não ter enviado uma errata avisando sobre a atualização para o dia do desfile.

Valmir Aleixo argumentou que os jurados da categoria 'enredo' recebem o roteiro com antecedência para terem tempo de analisar o que será apresentado pela escola. Porém, o regulamento permite que as apresentações tenham uma segunda versão atualizada.

- É possível mudar o roteiro no dia do desfile, já que há um planejamento, uma organização. É possível mudar, mas é preciso apresentar uma errata porque eles sabem que nós, de enredo, recebemos com antecedência justamente para avaliar a nota de concepção que engloba história, justificativa e roteiro - disse Valmir, acrescentando que recebeu atualizações de outras escolas.

A polêmica veio à tona nesta segunda-feira, quando foram divulgadas as justificativas das notas dos jurados pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). A Mocidade diz que o destaque não constava no material divulgado e, por isso, não deveria ter sido penalizada pelo jurado na categoria.

- O que a gente fala é que a vitória vem da competência artística, técnica e administrativa da escola. São três itens. Se a escola não conseguiu enviar uma errata porque atualizou o roteiro, eu não me sinto responsável por isso. É uma questão administrativa da escola. Eu fico triste, sensibilizado e abalado porque o desfile foi maravilhoso. Mas é um regulamento que tem de ser cumprido. Não pode ser só se o jurado gostou ou não, tem uma regra para seguir.

A Mocidade Independente de Padre Miguel levou à Sapucaí o enredo "As mil e uma noites de uma 'Mocidade' pra lá de Marrakesh" e conquistou o vice-campeonato com um total de 269,8 pontos. A agremiação ficou apenas um décimo atrás da campeã, Portela, que somou 269,9.

Em nota, a Mocidade encarou como um "erro crasso" e externou todo o seu descontentamento com a justificativa. "Antes de tudo, gostaríamos de exaltar o belíssimo desfile feito pela Portela e o merecido título conquistado. O que questionamos nesta nota é o despreparo apresentado pelo julgador em questão para cumprir tão importante função. É inadmissível que o sonho de uma comunidade seja jogado fora por um erro tão crasso. Criar algo que em nenhum momento esteve no livro ‘’Abre-Alas’’ e em cima disso nos penalizar, soa estranho e sem explicação. A Mocidade se posiciona em busca de mais preparação técnica e responsabilidade para todos os julgadores. Cobraremos isso! Meses de investimento, trabalho pesado, e a dedicação de milhares de componentes não podem ser prejudicados desta maneira".

FALHA NA COMUNICAÇÃO

A Liesa disse informou que em 11 de janeiro a Mocidade Independente de Padre Miguel enviou uma versão do livro Abre-Alas na qual cita a presença da destaque Camila Silva, descrevendo sua fantasia como “O esplendor dos sete mares”. Em 31 de janeiro, data da realização do curso de julgadores para o quesito Enredo, os julgadores receberam esta versão impressa em preto e branco, bem como a digital colorida, para poder nortear e iniciar seu trabalho de pesquisa visando o julgamento a ser realizado por ocasião dos desfiles, conforme vem ocorrendo todos os anos. "Posteriormente, em uma segunda versão, a Mocidade Independente de Padre Miguel alterou o roteiro enviado inicialmente; na nova versão, Camila Silva já vem citada como rainha de bateria, com o figurino “Dona das Areias, Yemanjá”. Como a versão final da Mocidade só chegou à Liesa após a realização da primeira etapa do curso de julgadores, pode ter havido uma falha de comunicação ocasionando a avaliação, pelo julgador, através de sua versão inicial, deixando de considerar o livro impresso entregue pela Liesa no dia do desfile. Neste caso, analisando as justificativas do julgador Valmir Aleixo, depreende-se que o referido julgador utilizou a versão anterior, recebida no dia do curso de julgadores, com suas observações iniciais sobre o enredo de cada escola de samba".