Brasil

Japão mata 333 baleias em polêmica campanha anual no Ártico

Para organismos internacionais, 'objetivo científico' da caça esconde interesse comercial
Em foto de 2008, uma baleia e seu filhote mortos são carregados para um navio japonês com a inscrição 'Pesquisa legalizada' Foto: AUSTRALIAN CUSTOMS SERVICE / AFP
Em foto de 2008, uma baleia e seu filhote mortos são carregados para um navio japonês com a inscrição 'Pesquisa legalizada' Foto: AUSTRALIAN CUSTOMS SERVICE / AFP

RIO - A frota japonesa encarregada de uma polêmica campanha anual de caça às baleias no Oceano Antártico voltou da expedição nesta sexta-feira, depois de matar 333 animais. A frota partiu em novembro de 2016, justificando a matança com "objetivos científicos", apesar de uma moratória internacional sobre a caça das baleias e a oposição da Austrália e Nova Zelândia.

Segundo a agência nacional de pesca do país, a frota era formada por cinco barcos, que chegaram nesta sexta-feira ao porto de Shimonoseki, no Oeste do país. Mais de 200 pessoas, incluindo membros da tripulação e suas famílias, se reuniram na recepção no porto.

Ainda que a agência defina esta campanha como uma missão "para estudar o sistema ecológico do Oceano Antártico", grupos de ambientalistas e o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) consideram que ela atende a interesses comerciais.

Diante da chegada da frota, a ONG Humane Society International pediu novamente ao Japão que abandone definitivamente a caça a baleias.

"Cada ano que o Japão segue com sua desacreditada caça científica a baleias é um ano a mais em que se sacrificam estes animais magníficos sem necessidade", lamentou Kitty Block, vicepresidente executiva do grupo. "Esta crueldade obscena em nome da ciência deve terminar", acrescentou, em comunicado.

O TIJ já havia determinado uma temporada sem capturas de baleias entre 2014 e 2015, que considera irreais os "objetivos científicos" do Japão. Em 2016, a frota nipônica caçou também 333 baleias.

A Comissão Baleeira Internacional (CBI), da qual o Japão faz parte, aplica desde 1986 uma moratória à caça de baleias. Mas o governo de Tóquio aproveita um vazio legal e se ampara na investigação científica, assegurando que seu objetivo é saber se a população de baleias é suficientemente grande para, por exemplo, justificar o retorno da caça comercial.

No entanto, o Japão reconhece que a carne de baleias caçadas acaba sendo vendida em mercados e até no cardápio de algumas escolas.

O país asiático caça baleia há anos. A carne do animal, rica em proteína, foi um alimento fundamental para uma população faminta na Segunda Guerra Mundial. No entanto, o consumo vem caindo ao longo dos anos.

As campanhas baleeiras mais recentes têm sido marcadas por polêmica, em particular com ações da ONG Sea Shepherd. Uma agência de pesca, no entanto, afirmou que na campanha terminada nesta sexta-feira "não houve comportamentos de obstrução ameaçando a segurança da frota e da tripulação".