Lollapalooza 2017

Por Cauê Muraro, G1 — São Paulo


— Foto: Flavio Moraes/G1

Foi um show para fãs (do punk e do hardcore dos anos 1990). Uma pregação para já convertidos. Um exercício de nostalgia assumido (no fundo do palco, uma bandeirona com reprodução da capa de um disco de 1995). Os astros são senhores com inegáveis marcas do tempo. Quem já não gostava talvez não seja agora que vá virar admirador...

Se, apesar da validade dessas observações todas, foi boa a apresentação do Rancid no Lollapalooza neste sábado (25), é porque a banda do Tim Armstrong tem repertório e tem competência ao vivo. O Rancid fez justiça histórica com os fãs de punk e hardcore, finalmente vindo ao Brasil.

Em cerca de 50 minutos, o grupo fez valer a dedicação do povo que esperou 25 anos por esta estreia tão tardia. E fez jus à reputação de ser um dos principais nomes punk californiano surgido duas décadas atrás. É a mesma turma de Offspring, Green Day e Bad Religion, por exemplo (embora este seja um pouco mais antigo).

Rancid abre show com "Radio"

Rancid abre show com "Radio"

O que diferencia o Rancid é a influência de ska e reggae, por exemplo. “Vocês gostam de dançar?”, perguntou o guitarrista Lars Frederiksen antes de “Old friend”. Momento baile da saudade do Lolla (que teve uma roda punk discreta, mas atuante na frente do palco). O mesmo Lars, que usava um pulôver e tem tatuagem na testa, lembrou em algum momento que, depois de 25 anos na estrada, finalmente a banda veio ao Brasil: “Obrigado por continuarem interessados”.

Tim Armstrong em nada parece o jovem do clipe de “Time bomb”: hoje ele tem a careca tatuada, usa uma barba gigante. Faz o estilo punk raiz, e não punk nutella. Prova disse é a guitarra: mesmo canhoto, ele usa um instrumento de destro, apenas que toca "do avesso".

Tim Armstrong, do Rancid, é canhoto, mas usa uma guitarra de destro — Foto: Flavio Moraes/G1

Aquela rouquidão

Mas ele ainda canta daquele jeito mesmo (voz rouca e tal). E vieram clássicos do passado, como “Salvation”, “The bottle”, “Olympia Wa” (“a letra é uma história verdadeira de quando eu e Lars entramos uma enrascada”) e, finalmente, a citada “Time bomb”. Para encerrar, “Ruby Soho”, dedicada ao Lemmy, do Motorhead, que fez punks de cabelos brancos erguerem os braços e cantarem emocionados.

Faltou “I wanna riot”. Faltou possivelmente mais tempo para ficar no palco. Faltou ainda um palco menor. O Rancid não faz o estilo “banda de festival” e é de se pensar no que fariam num lugar menos grandioso. Mas não faltou o clima de que nem sempre o adjetivo “datado” e sinônimo de algo equivocado.

Rancid toca "Root Radicals" no Lollapalooza 2017

Rancid toca "Root Radicals" no Lollapalooza 2017

Rancid toca "Journey To The End Of The East Bay" no Lollapalooza 2017

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