Edição do dia 23/03/2017

23/03/2017 14h06 - Atualizado em 23/03/2017 14h06

Estado Islâmico assume autoria de ataque em Londres

Três pessoas foram mortas e 40 estão feridas.
O assassino nasceu na Inglaterra e já tinha sido investigado.

Cecilia Malan e Ilze ScampariniLondres e Roma

O grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque, em um dos principais pontos turísticos de Londres, na quarta-feira (22). Quatro pessoas morreram - três vítimas e um terrorista. Há 40 feridos.

O que se sabe até agora é que oito pessoas foram presas em seis endereços de Londres e em Birmingham e que as três vítimas foram identificadas: um policial e uma funcionária de uma escola, ambos britânicos, e um americano de Utah. Kurt Cochran estava visitando Londres com a esposa, Melissa, comemorando 25 anos de casamento. Melissa está internada com ferimentos graves. Vinte e nove pessoas ainda permanecem em hospitais, sete delas em estado grave. São pessoas de várias nacionalidades, inclusive três crianças francesas.

Na internet, o Estado Islâmico disse que o homem responsável pelo ataque era um soldado do grupo, mas não detalhou a ação nem citou nomes.

Nessa quinta-feira (23), a cidade começou a retomar a rotina e já tem muita gente circulando e também muito policiamento. Foi também um dia de homenagem. "Essa chama eterna celebra os que perderam a vida a serviço da polícia". Diante dessas palavras, colegas do agente morto começaram o dia em silêncio.

O agente Keith Palmer guardava desarmado a entrada do Parlamento e foi esfaqueado. Um deputado ainda tentou ressuscitá-lo com respiração boca a boca, mas não conseguiu. Ao iniciar os trabalhos nessa quinta-feira, o Parlamento também se calou para homenagear o pai de família que morreu defendendo a casa do povo.

A primeira-ministra Theresa May prestou condolências aos mortos. Entre eles, Aysha Frade, uma britânica, mãe de duas crianças, que foi atropelada na ponte de Westminster, perto da escola onde trabalhava. Theresa May também citou as nacionalidades de todos os feridos e contou que o assassino nasceu na Inglaterra e já tinha sido investigado pelo serviço secreto por comportamento extremista.

As imagens dos instantes seguintes ao ataque continuam aparecendo. A correria de deputados nos corredores do Parlamento, pedestres ajudando feridos, o carro destruído na grade, o momento dramático em que médicos atendem, ao mesmo tempo, o assassino e uma das vítimas. Logo ali, peritos se ajoelharam para procurar qualquer pista que possa levar a outros suspeitos.

No resto da cidade, parece um dia normal. As pessoas estão saindo de casa, pegando transporte público, andando na rua, sentando nos cafés, trabalhando. É como se todo mundo fizesse questão de mostrar que essa cidade multicultural está ainda mais forte e vibrante.

Sadik Kahn, o primeiro prefeito muçulmano de Londres, disse que os criminosos odeiam o fato de que o londrino pode ser cristão, judeu, muçulmano, indu, budista: "Nós não apenas toleramos um ao outro. Nós respeitamos, celebramos e abraçamos um ao outro".

Os moradores reforçaram essa mensagem na internet, com caricaturas, o símbolo do metrô dizendo "nós não estamos com medo" e uma lágrima desenhada sobre o símbolo da democracia britânica. O que o terror tentou quebrar, Londres uniu.

Alerta na Europa
Cidades-chave na Europa estão em alerta máximo. A segurança já foi reforçada em Roma, que vai sediar no sábado (25) a comemoração pelos 60 anos do tratado que deu início à União Europeia. Na ocasião, mais de 100 chefes de estado e governo estarão na capital italiana.

Estão previstos protestos a favor e contra a União Europeia e os atos de vandalismo não estão excluídos. Além disso, depois do atentado em Londres, hoje o ministro do interior da Itália se reuniu com a comissão antiterrorismo. Um representante da Scotland Yard, a polícia britânica, também participou.

O ministro Marco Minniti anunciou um reforço excepcional da vigilância nos lugares mais frequentados por turistas e divulgou a prisão de três tunisianos e um marroquino, que vivam entre Perugia, Milão e a Alemanha, e que, segundo investigações, pertenciam a uma célula que agia pela internet, fazendo propaganda terrorista.