Estão de volta todos os principais envolvidos, mais uma vez sob o comando do diretor Danny Boyle, com a adição de um ou outro nome. E rugas, muitas rugas. Ewan McGregor, Jonny Lee Miller, Ewen Bremner e Robert Carlyle retornam aos papéis que, em diferentes graus, foram responsáveis por suas carreiras. Há até espaço para participações de Shirley Henderson, Kelly Macdonald e James Cosmo. Rostos familiares é o que não falta.

Da última vez em que vimos Renton (McGregor), ele fugia da Escócia com 16 mil libras roubadas de seus melhores amigos. Duas décadas mais tarde, Spud (Bremner), Simon (Miller) e Begbie (Carlyle) não exatamente esqueceram a traição, e não exatamente perdoaram. Não é surpresa, então, que seu retorno ao país seja o suficiente para dar ignição a uma série de desventuras envolvendo vingança, a construção de um bordel (“sauna”, diria Simon) e, é claro, algumas drogas.

Porém o que era uma rotina de pequenos golpes e crimes para manter os vícios na juventude se transformou agora em uma breve busca pela glória de outrora, que culmina na consciência de que o passado sempre parece melhor do que realmente foi.

Com base (bem livre) na continuação do livro original, “Pornô”, Boyle constrói com habilidade a queda da névoa de nostalgia diante de seus protagonistas, que vem seguida do entendimento de que, aos 40 anos, passa da hora de assumir responsabilidade por seus próprios atos.

Com isso, é fácil de entender por que “T2” é um grande filme, mas que provavelmente deve agradar mais à geração que cresceu com o original do que ao público que teve contato mais recente com Renton e sua turma. Ou seja, se trata de uma continuação digna e que não é apenas um caça-níquel que se aproveita da nostalgia dos fãs, mas uma obra completa em si, mesmo que esteja muito longe de se tornar um clássico como o longa de 1996.