Por Alessandro Ferreira, G1 Rio


Clima na Alerj era de 'velório' — Foto: Alessandro Ferreira/G1

As prisões e conduções coercitivas realizadas pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (29) durante a Operação Quinto do Ouro, braço da Lava Jato, atingiram em cheio o legislativo estadual. O clima no plenário da Assembleia Legislativa do Rio se assemelhava a um "velório", mas a sessão não foi cancelada. Deputados estavam atônitos e uma das razões para isso foi a condução do presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), um dos alvos da operação da PF.

Com a ausência de Picciani, que depôs por três horas na sede da PF, na Praça Mauá, a sessão foi comandada pelo deputado André Ceciliano (PT), segundo vice-presidente da Casa. O primeiro vice, Wagner Montes (PRB), está de licença médica. Sem o presidente, o burburinho formado em meio à repercussão da Quinto do Ouro gerou uma série de manifestações de parlamentares da Casa.

Uma das mais enfáticas foi a da bancada do PSOL, que protocolou pedido de afastamento de Picciani da presidência da Alerj. Em resposta, durante a sessão, a deputada Cidinha Campos (PDT) defendeu o cacique do PMDB e acusou os psolistas de "oportunismo". André Corrêa (DEM) fez coro a Cidinha e, na mesma linha, afirmou que afastar o presidente da Alerj do cargo neste momento seria "uma injustiça e uma covardia".

O psolista Flávio Serafini rebateu as críticas dizendo que o partido não pretende cassar o direito à defesa de Picciani, mas ponderou que ele (Picciani) deve ser afastado para que o funcionamento da Casa não seja afetado. "Cada deputado daqui, como qualquer cidadão, tem direito à ampla defesa, mas o presidente deve ser afastado para que a Casa siga seu curso normal. Não podemos fingir que não está acontecendo nada", declarou Serafini.

Por volta das 17h, o plenário do Palácio Tiradentes já estava bem vazio. Não muito depois a sessão foi encerrada e nenhum projeto foi votado. A expectativa era grande, porém, para a sessão desta quinta-feira (30), quando Picciani deverá fazer um pronunciamento sobre a condução coercitiva.

Deputados do PMDB silenciam

Embora representem a maior bancada da Casa, os deputados do PMDB (mesmo partido de Picciani) preferiram o silêncio na sessão desta quarta-feira. Nenhum parlamentar do partido pediu a palavra no plenário, deixando a defesa de Jorge Picciani a cargo e aliados de outras legendas.

O único a se pronunciar foi o deputado Geraldo Pudim (PMDB), que integrava a mesa diretora. Ele afirmou, antes de deixar o plenário, que os debates em torno do depoimento de Picciani à Policia Federal prejudicam o estado.

"Havia projetos de interesse da população que não foram apreciados, simplesmente porque alguns resolveram fazer discursos açodados e irresponsáveis, pedindo o afastamento do presidente sem nem mesmo saber por que ele foi levado a depor. É investigado? É testemunha? Ninguém sabe, e falar antes de saber é oportunismo político", disparou o parlamentar.

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