Operação lava jato

Por Camila Bomfim, Vladimir Neto e Ana Paula Andreolla, TV Globo — Brasília


Nova fase da Lava Jato mira em pessoas ligadas a políticos do PMDB

Nova fase da Lava Jato mira em pessoas ligadas a políticos do PMDB

A Polícia Federal saiu às ruas na manhã desta sexta-feira (28) para cumprir mandados da Operação Satélites, relacionada à Lava Jato.

O principal alvo é o advogado Bruno Mendes, ligado ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Os agentes fizeram busca e apreensão no escritório de Mendes.

Também foram feitas buscas na casa de uma ex-assessora do senador Romero Jucá (PMDB-RR), na residência de um assessor do ex-presidente e ex-senador José Sarney, também do PMDB, e em um endereço de uma pessoa ligada ao senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Outro alvo da operação é o ex-presidente da petroquímica Triunfo Caio Gorentzvaig. A petroquímica é investigada na Operação Lava Jato devido a um contrato que beneficiou a empreiteira Odebrecht durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva.

A etapa da operação deflagrada nesta sexta-feira apura irregularidades praticadas na estatal Transpetro e investiga contratos da Petrobras com as empresas NM Engenharia e NM Serviços, e tem como base depoimentos em acordos de delação premiada de Sérgio Machado e dos empresários Nelson Cortonese Maranaldo e Luiz Fernando Nava Maranaldo.

A assessoria do senador Renan Calheiros informou que ele está "tranquilo" e que não cometeu irregularidade. Segundo a assessoria, Bruno Mendes "sempre atuou em conformidade com a lei". O advogado de Bruno Mendes, Luís Henrique Machado, afirmou que não há "nenhuma evidência ou participação" do cliente nos fatos investigados. (leia notas ao final desta reportagem).

A assessoria de Jucá disse, por meio de nota, que a operação não envolveu nenhum funcionário do gabinete do senador ou pessoa que trabalhe com ele (veja íntegra ao final desta reportagem). Garibaldi Alves não havia sido localizado para comentar a operação até a última atualização desta reportagem. Sarney não quis se manifestar.

Ao todo, a operação cumpriu dez mandados, todos de busca e apreensão, no Distrito Federal e em Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte e São Paulo.

A etapa desta sexta foi autorizada pelo ministro Édson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), dentro de um dos 13 inquéritos abertos para investigar Renan Calheiros.

Os pedidos para a operação foram enviados ao STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

De acordo com a PGR, esta fase apura irregularidades praticadas na Transpetro. Os crimes envolvidos, de acordo com a procuradoria, são lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa, crimes contra a administração pública, entre outros.

A primeira fase da Satélites foi deflagrada em março. A operação tem esse nome porque os alvos são pessoas próximas dos políticos investigados na Lava Jato no âmbito do STF.

Na ocasião, os mandados tiveram como alvos pessoas ligadas a Renan, ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ao senador Humberto Costa (PT-PE) e ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Eles negaram envolvimento em qualquer tipo de irregularidade.

‘Está se fechando o cerco em cima do senador Renan Calheiros’, diz Valdo Cruz

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Conversa sobre a Lava Jato

Bruno Mendes era um dos advogados de Renan presentes em um conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro e um dos delatores da Lava Jato Sérgio Machado.

As gravações, apresentadas por Machado em 2015, contêm conversas de uma reunião na casa do então presidente do Senado, Renan Calheiros, com a participação do ex-ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, quando ele ainda era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Jucá e Sarney. Após a divulgação da conversa, SIlveira deixou o ministério de Temer.

Segundo Sérgio Machado, na conversa houve troca de reclamações sobre a Justiça e a operação Lava Jato. Na gravação, Fabiano Silveira faz críticas à condução da Lava Jato pela Procuradoria e dá conselhos a investigados na operação.

Nota de Renan Calheiros

Leia abaixo íntegra de nota divulgada pela assessoria de Renan Calheiros.

O senador Renan Calheiros afirma estar tranquilo em relação à operação Lava Jato, porque tem certeza de que não cometeu qualquer irregularidade.

A tentativa de ligar Bruno Mendes a atos ilegais é inócua porque o profissional sempre atuou em conformidade com as leis. Bruno é um advogado digno, professor de Direito Eleitoral respeitado, que presta relevantes serviços jurídicos ao PMDB.

Nota de Bruno Mendes

Leia nota divulgada pelo escritório de advocacia que defende Bruno Mendes:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Diante do pedido de busca e apreensão realizado, nesta sexta-feira, no escritório de advocacia de Bruno Mendes vale esclarecer:

Pedido de natureza semelhante já havia sido incisivamente indeferido pelo Ministro Teori Zavascki no ano passado, pois não existia qualquer indício ou notícia de prática ilícita envolvendo o Advogado.

Na operação realizada hoje pela Polícia Federal, não foi localizado, identificado ou apreendido, nenhum objeto de valor, como dinheiro em espécie, obras de arte ou joias que pudessem aparentar origem suspeita ou resultado de conduta ilícita. Basicamente foram recolhidas cópias relativas à defesa de clientes, rascunhos de discursos e cartões de visita."

Tudo isso demonstra que não há nenhuma evidência ou participação do advogado nos fatos investigados.

Luís Henrique Machado, advogado de Bruno Mendes

Escritório: Machado Ramos & Von Glehn Advogados

Nota de Romero Jucá

Leia íntegra de nota divulgada pela assessoria do senador Romero Jucá:

A assessoria de imprensa do senador Romero Jucá informa que a operação deflagrada hoje pela Polícia Federal não envolveu nenhum funcionário do seu gabinete ou pessoa que trabalhe com o senador. Jucá reitera que está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos assim como seus funcionários no sentido que as investigações possam ocorrer rapidamente e que a verdade seja reestabelecida. O senador informa ainda que já solicitou aos órgãos competentes que ele possa prestar informações o mais rápido possível.

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