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Netanyahu desiste de formar coalizão, abrindo a possibilidade para que seja substituído após 10 anos no poder

Presidente Rivlin deverá dar a Gantz, líder do bloco de centro-esquerda, a chance de formar um governo
Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante evento em memória de soldados israelenses mortos em Guerra do Yom Kippur, em 1973 Foto: RONEN ZVULUN / REUTERS
Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante evento em memória de soldados israelenses mortos em Guerra do Yom Kippur, em 1973 Foto: RONEN ZVULUN / REUTERS

JERUSALÉM — O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu , comunicou nesta segunda-feira ao presidente Reuven Rivlin que não conseguirá formar um governo de coalizão, criando uma oportunidade para que seu rival Benny Gantz o substitua na liderança do país. Esta será a primeira vez em mais de uma década que um outro político israelense terá chances de liderar um governo em Israel.

Em um vídeo postado em sua conta no Facebook , Netanyahu disse que "desde que eu recebi o mandato [para formar um governo], tenho trabalhado incessantemente para formar um amplo governo nacional de união. É isso o que o povo quer."

O premier culpou Gantz, líder do bloco de centro-esquerda, pelo fracasso das negociações, afirmando que seus esforços para "trazer Gantz para a mesa de negociação e prevenir novas eleições" fracassaram porque o líder do Azul e Branco "se recusou diversas vezes" a conversar.

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Em uma declaração, o presidente Rivlin disse que pretende dar a Gantz a oportunidade de formar uma nova coalizão em um período de 28 dias. É esperado que sua decisão seja anunciada formalmente dentro de 72 horas.

A desistência oficial de Netanyahu veio dois dias antes do prazo que tinha para formar uma coalizão. Na quinta-feira, o premier havia feito sua tentativa derradeira, publicando um plano para um governo  de união nacional. A proposta, no entanto, foi imediatamente rejeitada por Gantz, pois ignorava pontos importantes para o Azul e Branco , como a alternância de poder e o desmantelamento do bloco de extrema direita.

Caso o partido de Gantz também falhe em formar uma coalizão, qualquer parlamentar que consiga o apoio de ao menos 61 membros do Knesset poderá tentar formar um governo. Se isso não acontecer, novas eleições deverão ser convocadas.

Impasse nas urnas

Após a eleição realizada no dia 17 de setembro — a segunda em menos de seis meses — nem Gantz nem Netanyahu conseguiram o número de assentos necessários no Knesset, o Parlamento israelense, para formar um governo. Individualmente, o partido do premier, o Likud , ficou em segundo lugar na votação, com 32 cadeiras, e o Azul e Branco, ficou em primeiro, com 33.

No entanto, durante as consultas realizadas pelo presidente com os parlamentares eleitos, 55 deles indicaram o nome de Netanyahu para premier, contra 54 que indicaram Gantz. Netanyahu teve o apoio do partido ultraortodoxo Shas , com oito assentos, do Judaísmo Unido da Torá e do Yamina, de extrema direita, com sete deputados.

Gantz, por sua vez, recebeu na ocasião o apoio da Lista Árabe , que elegeu 13 parlamentares em setembro — algo raro na política israelense. O Partido Trabalhista, com seis cadeiras, e a União Democrática, com cinco, também o recomendaram para Rivlin.

Ao Hareetz, o líder do Azul e Branco, Ofer Shelah, disse que "está claro" que Netanyahu quer uma eleição e convocou outras siglas a se "unirem conosco em um governo que consertará o estrago que ele [Netanyahu] fez. Segundo Shelah, o premier desperdiçou quatro semanas para que continuasse a servir como primeiro-ministro, enquanto "fabricava histórias sobre segurança e economia".