Show do Korn em SP
O Korn já tinha passado de sua fase mais popular quando nasceu Tye Trujillo, baixista de 12 anos que tocou com a banda nesta quarta-feira (19), em São Paulo. O menino é uma miniatura do pai Robert, que toca o mesmo instrumento no Metallica. Ele deu um ar de novidade ao datado nu-metal.
Baixista de 12 anos Tye Trujillo deu cara jovem ao velho nu-metal — Foto: Fabio Tito/G1
O estilo mistura metal com rap, e já chegou a parecer a coisa mais “cool” do mundo em meados dos anos 90. Hoje, parece a coisa mais meados dos anos 90 do mundo. Então, a presença de alguém tão novinho quanto Tye fica ainda mais curiosa.
O Korn começou sua quinta passagem pelo Brasil com o show em São Paulo e agora vai a Curitiba na sexta (21) e Porto Alegre no domingo (23). Veja serviço abaixo.
O Espaço das Américas, que tem capacidade para 8 mil pessoas, estava com a pista premium cheia e a pista comum metade vazia. A organização não divulgou os números de público até a publicação desta matéria.
O público reduzido, mas animado, parece ter curtido mais a segunda metade do show de uma hora e meia. É que os hits da década retrasada, como “Falling away from me” e “Freak on a leash”, ficam para o final.
Show do Korn em São Paulo — Foto: Fabio Tito / G1
Mãozinhas firmeza
Não que Tye tenha mudado o som da banda. Ele reproduz com fidelidade o estilo de Reginald "Fieldy" Arvizu, que teve um “imprevisto” não especificado e ganhou o substituto mirim na turnê da América do Sul. Mas só sua presença, imponente e firme no fundo do palco, dá uma aliviada na impressão de que Korn não atrai mais os jovens – ao menos Tye parece curtir.
O “slapping” de Fieldy, técnica de tocar dando “tapas” no instrumento parar criar um som mais funkeado, não perde força nas mãozinhas dele.
O garoto, que começou a tocar aos seis anos, não parece intimidado nem nas partes em que o baixo está em primeiro plano, como na introdução de “Word up!” e no meio de “Good god”. Ele também introduz o solo de bateria citando “N.I.B”, do Black Sabbath, e vai à frente do palco quando eles tocam trecho de “One”, da banda do pai, Metallica.
Show do Korn em São Paulo — Foto: Fabio Tito / G1
Nu metal: old news
Tá bom. Mas e o resto? Tem algo diferente das outras quatro vezes que vieram ao Brasil (2002, 2008, 2010 e 2013)? Não. O disco mais recente “The Serenity of Suffering” (2016), não tem uma guinada radical – a última manobra do tipo foi “The Path of Totality” (2011), com influências de dubstep e nenhuma música no repertório da noite em SP, graças a Deus.
O grosso do show é de músicas feitas no período entre 1993 e 1999. O problema é que isso fica concentrado na segunda metade, o que faz a noite demorar a ter momentos marcantes como o coro em “Blind”. O resto é muito mais do mesmo. Poucos estilos recentes foram tão maltratados pelo tempo quanto o nu-metal (ironicamente traduzido com novo-metal) da banda que vai completar 25 anos de carreira no ano que vem.
Retratinho de Dorian Gray
O vocalista Jonathan Davis ainda tem fôlego e energia, mas quem acha que ele continua o mesmo cara dos clipes de 20 anos atrás toma um susto com a cara envelhecida. Mas não acho que a escolha de Tye tenha sido algo planejado por um assessor de marketing para dar frescor à batida marca do Korn.
Há muito tempo circulam vídeos entre os fãs do Metallica que mostram o molequinho tocando de verdade. Não ia demorar mesmo para ele aparecer fazendo shows por aí. O irônico é que tenha sido com uma banda que “envelheceu” tão rápido quanto o Korn.
Mesmo não sendo proposital, o Korn botar Tye no palco parece coisa do personagem do romance de Oscar Wilde que quer disfarçar a própria velhice: um retratinho de Dorian Gray.
Serviço - Korn no Brasil
Curitiba
Data: 21/04/2017 (sexta-feira)
Horário: 22:00
Local: Live Curitiba
Preços: R$ 150 a R$ 300
Vendas: www.diskingressos.com.br
Porto Alegre
Data: 23/04/2017 (domingo)
Horário: 20h
Local: Pepsi On Stage
Preços: R$ 180 a R$ 360
Vendas: www.blueticket.com.b