Edição do dia 20/12/2017

20/12/2017 20h53 - Atualizado em 20/12/2017 20h53

Maioria da população urbana do Brasil vive em más condições, diz o IBGE

O IBGE entrevistou brasileiros dos centros urbanos. Três em cada quatro moradores vivem em más condições de vida.

O IBGE divulgou nesta quarta-feira (20) mais um retrato do nosso país. Desta vez, sobre as condições de vida nas maiores cidades brasileiras.

Cidades grandes e problemas imensos. Morar em centros urbanos não dá garantia de coleta de lixo, ou tratamento de água e esgoto. O retrato traçado pelo IBGE mostra um país de muitos necessitados.

Apenas 23,9% da população vivem bem em áreas urbanas. Ou seja, contam com boas condições de moradia, nível de escolaridade e rendimento mensal adequado, mas a precariedade atinge a maioria.

Três em cada quatro moradores de centros urbanos vivem em más condições de vida. Isso significa 72,5 milhões de cidadãos.

A Região Sul é a que possui a maior parcela de moradores em boa situação. E Brasília, no Centro-Oeste, tem a maior concentração de pessoas com ótimas condições de vida.

Já os nortistas e nordestinos, têm as piores condições, com renda mensal média de R$ 217. Nove capitais do Norte e Nordeste não possuem população em áreas consideradas ricas.

“É um país grande e desigual. E a gente consegue ver nessas maiores cidades brasileiras as diferenças isso é muito importante para direcionar políticas públicas”, explica Marcelo Neri, pesquisador da FGV.

O Rio de Janeiro simboliza bem esses contrastes. Está tanto entre os centros urbanos com as melhores condições, quanto entre os que apresentaram péssimas ou baixíssimas condições de moradia.

O lote mostrado na reportagem fica na zona oeste do Rio, distante mais ou menos 30 quilômetros do centro da cidade. Nele vivem oito famílias em casas separadas e representam essa condição de vida difícil mostrada pelo IBGE. Apenas duas famílias têm acesso à internet. O restante tem a renda que mal dá para alimentar filhos e netos.

O cozinheiro Marlon, desempregado há três meses, vive em um cômodo. A geladeira está vazia, o celular quebrado. Ele sabe o que é dificuldade.

“É eu não conseguir me sustentar. Não ter minha geladeira cheia, minha casa arrumada, não ter meu fogão, minha televisão, meu celular”, lamenta Marlon Rocha Salviano.

Na casa de dona Katia Maria Salviano, ela é a única que recebe salário; R$ 600 por mês como diarista. Sustenta duas filhas e três netos. Sem internet, telefone, o pouco conforto vem de uma televisão antiga e de uma máquina de lavar que não funciona direito. Ela também tem a sua própria definição do que é difícil.

Katia: Difícil é você chegar em casa as vezes não ter o que dar para as crianças
Repórter: O que a senhora espera?
Katia: O melhor de 2018 para todo mundo. Justiça no nosso país que não tem.