No sertão do Rio Grande do Norte, um importante açude - o de Gargalheiras - atingiu o nível mais baixo desde que foi construído. Tudo por causa da seca prolongada, que também atinge a Paraíba. Lá, os agricultores já investem em novas culturas, mais resistentes.

Localizado no sertão da Paraíba, Sousa já foi o maior produtor de coco do estado. A água vinha dos açudes de São Gonçalo e Coremas, mas depois de cinco anos de estiagem, tudo mudou. São Gonçalo hoje tem apenas 25% da capacidade total. Em Coremas, a situação consegue ser mais grave. O maior açude da Paraíba está com 5% do volume total.

Os agricultores se arriscam em outras culturas. Francisco Braga decidiu investir no algodão. Contudo, o futuro da lavoura é incerto. Ele conta exclusivamente com a água da chuva. O agricultor José Cardoso sabe que a água não vai durar muito tempo e por isso apostou em outra cultura. As goiabeiras, que têm ciclo mais curto, já estão dando frutos.

A situação também é crítica no Rio Grande do Norte. O caminho do córrego que ficava atrás da propriedade de Inês ainda existe, mas faz tempo que a água deixou de passar. A agricultora relembra os anos de fartura no assentamento Poeta José Gonçalves de Medeiros, em Acari, no sertão do Seridó.

As primeiras chuvas no começo do ano deixaram o pasto verde, trouxeram esperança para os agricultores, mas não foram suficientes para manter a plantação. O milho não cresceu e o feijão ainda espera por mais água. O açude Gargalheiras também aguarda a água, já que o reservatório está praticamente seco.

De acordo com a última medição, o açude está com apenas 0,3% de capacidade total. É o nível mais baixo desde que foi construído, 58 anos atrás. A situação de estiagem se repete em várias regiões do Rio Grande do Norte – 153 dos 167 municípios estão em situação de emergência.