Operação lava jato

Por G1


Claudio Melo Filho diz que negociou diretamente repasses entre R$ 15 a 16 milhões a Jucá

Claudio Melo Filho diz que negociou diretamente repasses entre R$ 15 a 16 milhões a Jucá

Em delação premiada feita à Procuradoria-Geral da República, Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, afirmou que negociou diretamente repasses de "em torno de" R$ 15 a R$ 16 milhões ao senador Romero Jucá, em troca de apoio dentro do Congresso Nacional para a aprovação de leis que beneficiaram a emprenteira. O depoimento de Melo Filho é um dos que basearam um dos 76 inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao todo, o STF afirmou, nesta terça-feira (11), que Fachin autorizou a Procuradoria Geral da República a investigar 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados. Os pedidos se baseiam na chamada lista de Janot, feita com base em delações de ex-executivos da Odebrecht. Um deles é o ex-diretor de relações institucionais da empresa, Cláudio Melo Filho, cuja participação é uma das bases do inquérito 4382.

A delação de Melo Filho foi feita em depoimento no dia 12 de dezembro de 2016 na sede da Procuradoria-Geral da República. Três vídeos fazem parte dos depoimentos do executivo que foram usados para sustentar o inquérito (assista abaixo à íntegra dos vídeos).

Leia trecho da delação de Cláudio Melo Filho que baseou um dos cinco inquéritos contra o senador Romero Jucá — Foto: Editoria de Arte/G1

Nesse inquérito, o único suspeito é o senador Romero Jucá. Nele, a Procuradoria-Geral da República (PGR) vai apurar se Jucá cometeu os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, corrupção cometida contra a administração pública e lavagem de dinheiro. O inquérito também toma como base outros dois depoimentos, feitos nas delações de Marcelo Odebrecht e Carlos José Fadigas.

Em nota divulgada na terca-feira (11), Romero Jucá, que é citado neste e em outros quatro inquéritos, afirmou que sempre atuou dentro da legislação. "Sempre estive e sempre estarei à disposição da Justiça para prestar qualquer informação. Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas."

Relacionamento da Odebrecht com Romero Jucá

Claudio Melo Filho afirma que Romero Jucá era o político com o qual tinha maior relacionamento. “Ele tinha atenção pela empresa, e resolvia os assuntos”. Quando questionado o quanto foi pago ao grupo do senador Romero Jucá, ele diz que negociou diretamente com o senador em torno de R$ 15 milhões e R$ 16 milhões. Ele cita a aprovação de medidas provisórias como a contrapartida para os pagamentos ao senador.

Ele também afirma que há outro pagamento de R$ 6 milhões da Odebrecht ao senador, que não negociou diretamente, mas sobre o qual foi informado. E também diz que não pode afirmar se Jucá recebeu ou não mais valores de outras pessoas da empresa com as quais tinha relacionamento.

“Tem essas discussões de medidas provisórias, e deve ter aí somado algo em torno de, ao longo desse tempo, 15, 16 milhões de reais, durante os períodos supostamente eleitorais”, afirmou Claudio Melo Filho. “Foi o que eu discuti com ele”, afirma. “Ele tem relacionamento com várias pessoas da empresa. Então eu não posso afirmar (se ele recebeu outros valores de outras pessoas da Odebrecht)”.

“Tem um assunto que diz respeito a Henrique Valadares. De 6 milhões de reais. Não sei com quem ele tratou, ele apenas pediu a mim e ao Carvalho que comunicasse ao senador que haveria o pagamento. Isso diz respeito à obra de Santo Antônio”, diz Claudio Melo Filho, em referência à Usina Hidrelétrica de Santo Antônio em Porto Velho.

O primeiro pedido de propina

Cláudio Melo Filho narra como recebeu o primeiro pedido de propina de Romero Jucá em 2012

Cláudio Melo Filho narra como recebeu o primeiro pedido de propina de Romero Jucá em 2012

Os apelidos da planilha da Odebrecht

Cláudio Melo Filho responde a como surgiram os apelidos nas planilhas da Odebrecht

Cláudio Melo Filho responde a como surgiram os apelidos nas planilhas da Odebrecht

Pagamento a Delcidio

Delação da Odebrecht: Cláudio Melo Filho relata pagamento a Delcidio do Amaral

Delação da Odebrecht: Cláudio Melo Filho relata pagamento a Delcidio do Amaral

Cláudio Melo Filho também relatou pagamento de R$ 500 mil, que consta em planilha da Odebrecht, para o codinome “Ferrari”. Ele disse que os advogados da empresa identificaram que esse era o apelido do ex-senador Delcidio do Amaral.

O ex-diretor da Odebrecht afirmou que foi informado de que Delcidio tinha “ficado chateado” por não ter sido contemplado na discussão do projeto de resolução do Senado Federal (PRS) nº 72/2010, que tentava acabar com a chamada “guerra dos portos”.

Melo Filho respondeu que não procurou Delcidio para falar do assunto porque tinha sido orientado por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, a tratar com o senador Romero Jucá. “Ainda assim, Marcio Faria (ex-executivo da Odebrecht) conversa com (Carlos) Fadigas (ex-presidente da Braskem) e o sensibiliza que nós deveríamos ceder a um pedido que supostamente o senador Delcidio fez ao Faria, para ser ajudado a pretexto de doação de campanha no ano de 2012”, relatou.

O delator disse que o pagamento foi feito em agosto de 2012.

Confira abaixo a íntegra dos depoimentos de Cláudio Melo Filho usados pelo Ministério Público no inquérito 4382:

Vídeo 1

Inquérito 4382: delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht (VÍDEO 1)

Inquérito 4382: delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht (VÍDEO 1)

Vídeo 2

Inquérito 4382: delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht (VÍDEO 2)

Inquérito 4382: delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht (VÍDEO 2)

Vídeo 3

Inquérito 4382: delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht (VÍDEO 3)

Inquérito 4382: delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht (VÍDEO 3)

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