Operação lava jato

Por G1


FHC é mais um ex-presidente citado nas delações da Odebrecht

FHC é mais um ex-presidente citado nas delações da Odebrecht

O empresário Emílio Odebrecht, um dos donos da Odebrecht e pai de Marcelo, disse, em delação, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu ajuda para a empreiteira suas campanhas eleitorais em 1994 e 1998. Assista ao vídeo acima.

"Ajuda de campanha eu sempre dei a todos eles. E a ele [FHC] eu também dei. E com certeza teve ajuda de caixa oficial e não oficial. Se ele soube ou não, eu não sei", disse Emílio. O dono da empreiteira disse que conheceu o ex-presidente ainda na década de 1970. "Ele me pediu. Todos eles. Ele pediu: 'Emílio, você pode me ajudar no programa da campanha?' Isso ele pediu", completou.

"Ajuda de campanha eu sempre dei a todos eles. E a ele [FHC] eu também dei. E com certeza teve ajuda de caixa oficial e não oficial"

O depoimento é base de inquérito que faz parte das investigações da Procuradoria Geral da República (PGR) autorizadas pelo ministro Edson Fachin nesta terça-feira (11), envolvendo 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados. Os pedidos se baseiam na chamada lista de Janot, feita com base em delações de ex-executivos da Odebrecht.

Em resposta, o ex-presidente Fernando Henrique colocou um vídeo nas redes sociais. Disse que desconhece eventuais gastos de campanha citados por Emílio Odebrecht.

“O Brasil precisa de transparência. A Lava Jato está colaborando no sentido de colocar as cartas na mesa. Vamos colocar as cartas na mesa. Não tenho nada a esconder, nada a temer e vou ver com calma do que se trata. Por enquanto, não há nada especifico, é tudo muito vago”, Fernando Henrique Cardoso.

Emilio Odebrecht afirma que Fernando Henrique Cardoso pediu ajuda para empreiteira em 1994

Emilio Odebrecht afirma que Fernando Henrique Cardoso pediu ajuda para empreiteira em 1994

Veja trecho do depoimento de Emílio Odebrecht à força-tarefa da Operação Lava-Jato

Veja trecho do depoimento de Emílio Odebrecht à força-tarefa da Operação Lava-Jato

Aprovação de MP da leniência

Odebrecht também relatou que houve uma negociação por parte da empresa para aprovação da Medida Provisória da leniência, que permite as empresas fecharem acordos com o Ministério Público para não se tornarem inidôneas. (Assista ao vídeo acima)

Emílio fala que interessava à empresa a aprovação da MP da leniência e fala que houve uma pressão dentro do Palácio do Planalto para a aprovação no Congresso, no ano de 2015. Ele fala da pressão feita sobre o então Ministro da Casa Civil, Jacques Wagner.

Ele ainda diz que a Odebrecht foi buscar aliados, iniciando a chamada pelos sindicatos e usando a bandeira de "um discurso da empregabilidade e do crescimento do país".

"Provocamos eles, sempre buscávamos fazer isso por intermédio deles, independente de nossas ações também. Mas, por exemplo, que pressionassem o planalto, principalmente o Jacques Wagner", disse.

Sítio de Lula

Em depoimento, Emílio também falou que a reforma em um sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva custou à construtora Odebrecht cerca de R$ 700 mil.

Emilio Odebrecht diz que conversou com Lula, dentro do Palácio do Planalto, sobre sítio

Emilio Odebrecht diz que conversou com Lula, dentro do Palácio do Planalto, sobre sítio

Ele afirmou, ainda, que o sítio sempre foi tratado dentro da empresa como se pertencesse ao ex-presidente e que foi a ex-primeira-dama Marisa Letícia quem pediu ajuda para concluir as obras, que já estavam em andamento na propriedade. O pedido, relata o empresário, foi feito em 2010, no último ano do segundo mandato de Lula na Presidência da República.

Procurado pelo G1, o Instituto Lula divulgou a seguinte nota nesta quarta-feira (12): "O sítio não pertence ao ex-presidente Lula. Os proprietários do sítio confirmaram não só a propriedade como a origem dos recursos para comprá-la."

No ano passado, o instituto já havia se pronunciado sobre o sítio, afirmando que o ex-presidente frequenta o local desde que encerrou o mandato (em 2011); que o sítio pertence a "amigos da família"; e que "a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente".

Angola e a agenda de Dilma

Em outro vídeo de delação (assista abaixo), Emílio diz que pediu um meio-campo com o Lula para garantir um empréstimo para Angola via BNDES, com aprovação de órgão do Ministério de Desenvolvimento, o Comitê de Financiamentos e Garantias (COFIG).

"Marcelo [Odebrecht] realmente pediu que eu conversasse com o Lula em um período que houve uma queda de petróleo muito grande, e que Angola estava com restrições orçamentárias, de que era importante que houvesse uma ampliação da linha de crédito que o Brasil tinha com Angola", disse.

O BNDES acabou cedendo um empréstimo de cerca US$ 1 bilhão ao país africano em meados de 2010.

Petição 6738 - Emilio Odebrecht - Angola BNDES/Lula - Vídeo 1

Petição 6738 - Emilio Odebrecht - Angola BNDES/Lula - Vídeo 1

Em outro depoimento, Emílio fala de outro caso envolvendo o governo petista e Angola. Desta vez, Dilma Rousseff iria fazer uma viagem de relacionamento à África. O dono da Odebrecht disse que "não tinha relação com ela" e que "ela pouco olhava essas coisas de exterior, ligado a qualquer país, muito menos Angola".

"Teve um fato relevante, logo no início do primeiro mandado dela, que foi uma viagem ela iria fazer para a África. Ela estava iniciando esse programa pela África do Sul. Realmente, aquilo nos surpreendeu. A falta de sensibilidade (...) Isso daria um problema seríssimo com o governo de Angola, com a maior relação comercial que existia", disse.

Emílio contou que foi até o ex-presidente Lula fazer o pedido de mudança e que a visita foi revertida, começando por Angola.

Petição 6738 - Emilio Odebrecht - Angola BNDES/Lula - Vídeo 2

Petição 6738 - Emilio Odebrecht - Angola BNDES/Lula - Vídeo 2

— Foto: ARTE/G1

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