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Por Eduardo Deconto — Porto Alegre


Dezembro de 2016. O Inter ainda assimilava os efeitos da primeira queda à Série B de sua história e já abria tratativas para contar com Marcelo Cirino, numa longa negociação, com toda a pinta de novela, que só teve desfecho positivo nesta segunda-feira – cinco meses depois. Entre idas e vindas, com direito a uma desistência, o Colorado enfim anunciou a chegada do atacante, por empréstimo do Flamengo até o fim do ano. O 13º reforço do clube para a temporada não terá reflexo imediato em campo, mas já acirra, logo de cara, a disputa por posição em um setor ofensivo inflado e que aguarda ainda o desembarque de William Pottker, da Ponte Preta.

O momento colorado, verdade seja dita, deixa o "quebra-cabeça" relegado a um futuro distante para Antônio Carlos Zago, que conduz os trabalhos com foco total na conquista do hepta do Gauchão, em preparativos para a final contra o Novo Hamburgo. Cirino só estará à disposição para Copa do Brasil e Série B, ao passo que Pottker só ruma a Porto Alegre após o Paulistão e atuará apenas na segunda divisão. Mas até mesmo a fase atual do artilheiro Brenner já alimenta a briga acirrada por um lugar no ataque do Inter.

Marcelo Cirino já posa com a camisa do Inter — Foto: Divulgação / Internacional

O camisa 38 colorado convive em meio a uma série de cinco jogos sem balançar as redes – uma marca alarmante, justamente por seu momento anterior. Em meio à seca, o centroavante ainda ostenta bons números. São 13 gols anotados em um total de 17 jogos, e o atacante foi às redes todas as vezes em um período de 12 partidas. Ou seja: tinha média superior a um gol por atuação.

A fase se torna ainda mais emblemática pela expulsão do último domingo, na classificação sobre o Caxias nos pênaltis, após a derrota por 1 a 0 no tempo regulamentar. Em jejum, Brenner recebeu o vermelho após aplicar um empurrão no árbitro Daniel Bins, em meio a uma confusão por um pênalti assinalado ao Grená no Estádio Centenário.

O cenário apresenta, assim, um plantel fértil e inflado de opções para Antônio Carlos Zago delinear seu sistema ofensivo, atualmente composto por Brenner e Nico López. Atualmente, o treinador opta pelo 4-3-2-1, com o atacante como referência e o uruguaio mais recuado, com obrigação de voltar para marcar ao lado de D'Alessandro.

Pottker chegará ao Inter após o Paulistão — Foto: Fabio Leoni/ PontePress

Por característica, Pottker atua tanto pelos lados (como em 2016, quando foi um dos artilheiros do Brasileirão), quanto mais centralizado (como na temporada atual), ao passo que Cirino costuma ser utilizado mais aberto. Em números, aliás, a vantagem é do atacante da Ponte, autor de 10 gols em 18 partidas em 2017. Com a situação indefinida na temporada, Cirino pouco atuou pelo Fla.

Além dos reforços e dos titulares, Zago tem Roberson como "12º jogador" de sua equipe, para as duas funções mais ofensivas. Valdívia e Carlos também são opções frequentes para o ataque, ao contrário de Diego, utilizado apenas recentemente para as disputas de pênaltis. Vale lembrar: o treinador ainda conta com Eduardo Sasha, que se recupera de cirurgia e ainda não atuou na temporada.

Aproveitamento dos atacantes do Inter em 2017:

  • Brenner - 13 gols em 17 jogos
  • Nico López - 6 gols em 16 jogos
  • Carlos - 3 gols em 12 jogos
  • Roberson - 3 gols em 18 jogos
  • Valdívia - 2 gols em 18 jogos
  • Diego - 1 gol em 8 jogos
  • William Pottker - 10 gols em 17 jogos (pela Ponte Preta)
  • Marcelo Cirino - 0 gols em 4 jogos (pelo Flamengo)

Inter "aguarda" cinco meses para fechar com Cirino

Anunciado no fim da tarde desta segunda-feira, Cirino enfim foi oficializado como reforço, após cinco meses de idas e vindas nas negociações. As tratativas sempre foram tidas como "complexas" pela diretoria colorada, por envolver quatro pontas: o Flamengo (clube a que o atleta estava emprestado e que o repassou ao Inter), o Atlético-PR (clube detentor dos direitos federativos) e o Grupo Doyen Sports (investidor que detém 25% dos direitos econômicos).

O atacante esteve muito próximo de chegar a Porto Alegre e até já havia escolhido uma casa no mesmo condomínio de Nico López, mas as exigências do Atlético-PR para liberar o atleta por dois anos impediram o desfecho. Na negociação, o Inter ensaiou e chegou a concretizar a desistência, antes de fechar o empréstimo até o fim do ano, com opção de compra fixada no contrato. No acordo, o volante Eduardo Henrique foi cedido ao Atlético-PR.

– Eu cheguei a brincar com o Cirino e disse que estava vindo a pé do Rio para cá – revela o vice de futebol Roberto Melo ao GloboEsporte.com.

O Inter se reapresenta para trabalhos após garantir vaga na final do Gauchão na tarde desta terça-feira. Na atividade, Zago começará a delinear sua formação ofensiva para o jogo de ida da grande decisão contra o Novo Hamburgo, às 16h do domingo, no Beira-Rio. A principal indefinição recai justamente sobre o ataque, diante da baixa de Brenner. Valdívia, Carlos e Roberson são os mais cotados.

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