Política

Ministério Público pede retorno de Adriana Ancelmo para a prisão

Tribunal Regional Federal da 2ª Região julgará o caso nesta quarta-feira
Adriana Ancelmo chega ao Leblon no carro da polícia federal Foto: Marcelo Theobald / O Globo
Adriana Ancelmo chega ao Leblon no carro da polícia federal Foto: Marcelo Theobald / O Globo

RIO — O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça que determine o retorno de Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama do Rio de Janeiro, para a prisão. O MP sustenta que ela deve cumprir a prisão preventiva. O caso vai ser julgado nesta quarta-feira pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Atualmente, Adriana cumpre prisão domiciliar em seu apartamento no Leblon, na Zona Sul do Rio, desde que deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó, no dia 29 de março.

A ex-primeira-dama, que é investigada na Operação Calicute, foi denunciada por corrupção e lavagem de dinheiro na organização criminosa liderada por seu marido, o ex-governador Sérgio Cabral. A prisão domiciliar foi concedida pela 7ª Vara Federal Criminal, sob a alegação de que a acusada tem filhos menores de 12 anos.

O parecer da Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR2) destaca que as causas de sua prisão ganharam robustez com o prosseguimento das investigações, não havendo razões para conversão em prisão domiciliar.

“Registros mostram que a Organização Criminosa descrita, na qual há fortes evidências da participação de Adriana Ancelmo e seu marido Sérgio Cabral, até pelo longo período de sua atuação no Estado do Rio de Janeiro, conta com o apoio de várias outras pessoas, inclusive parentes, com possibilidade de serem acionadas para atrapalhar o curso das várias investigações em curso. Não custa lembrar que, dada a importância das funções públicas ocupadas até há pouco pelos investigados, é muito provável que contem com outros agentes públicos, cúmplices ou simpatizantes, dispostos destruir e falsear registos e documentos e vazar informações, como aliás ficou demonstrado nas transcrições acima", argumentou a 7ª Vara Federal Criminal nos autos da ação penal.

A decisão ainda cita indícios de situações nas quais pessoas próximas a Adriana Ancelmo estariam atuando para esconder ou destruir documentos que podem ser úteis à instrução criminal e a possibilidade de que esteja "em curso movimentação para ocultar bens ilicitamente adquiridos."

Em março deste ano, o MP já havia entrado com um recurso para que a Justiça determinasse a revogação da prisão domiciliar.

MP já havia entrado com recurso contra decisão de prisão domiciliar Foto: Reprodução
MP já havia entrado com recurso contra decisão de prisão domiciliar Foto: Reprodução

Para a Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR2), a prisão preventiva é essencial para encerrar a prática de lavagem de dinheiro, crime usualmente cometido com o uso de telefone e acesso à internet.

“Apesar das medidas de precaução determinadas, vedando o acesso a meios de comunicação, a difícil fiscalização do cumprimento torna evidente o risco de ela acessar e movimentar o patrimônio oculto por Cabral”, sustenta a procuradora regional da República Mônica de Ré.

O advogado de Adriana Ancelmo,  Luis Guilherme Vieira,  disse que a defesa vai aguardar o julgamento desta quarta-feira para se pronunciar.