SILVA JARDIM — Morador de Silva Jardim há cerca de 7 anos, o aposentado de 69 anos que faleceu na última quinta-feira (dia 30), sob suspeita de ter tido uma reação à vacina de febre amarela , foi ao posto de saúde no domingo, dia 19 de março, acompanhado do cunhado, Talles Martins, de 63 anos. Segundo o parente do idoso, no posto ninguém pediu atestado médico a nenhum dos dois, apesar de eles estarem incluídos na faixa etária em que, de acordo com especialistas, a indicação médica é imprescindível.
— Nós fomos lá sábado, mas a fila estava muito grande e voltamos no domingo. Entramos e deram a vacina. Ninguém perguntou nossa idade, nem pediu atestado — garante Talles. Segundo a Secretaria de Saúde de Silva Jardim, o idoso deu entrada pela primeira vez no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) no dia 20 de março, após se sentir mal, e ficou lá até o dia 23. Após retornar para casa, ele teve uma recaída, sendo levado novamente pela família ao HCN em 25 de março. No dia 30, o idoso morreu.
Um dos cinco filhos do aposentado, conta que, antes de ir ao posto, o pai chegou a telefonar para uma médica de confiança, e que esta o liberou para tomar a dose. Ele não informou o nome da profissional de saúde.
— Ela explicou que havia riscos, mas ele quis tomar porque estava com medo. Ficam apavorando as pessoas, dizendo que tem que tomar a vacina, que já morreu gente. Os idosos são os que ficam com mais medo. Mas acho que falta ter alguém no posto de saúde alertando sobre o perigo.Está faltando esclarecer melhor para a população — diz ele, que não quer ver o nome completo, nem fotos do pai divulgadas na imprensa.
Segundo ele, o pai não usava nenhum medicamento, nem tinha nenhum problema de saúde, por isso todos estranharam quando o aposentado teve uma convulsão no dia seguinte em que tomou a vacina. Ele também não fez nenhuma viagem recente.
— Desconfiei que era a vacina. Levei ele correndo para o Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), onde fizeram exames neurológicos. Ele ficou internado lá até quarta-feira, quando teve alta. Mas chegou em casa e ele teve febre. Fiquei achando estranho e depois de alguns dias levei ele na Policlínica Municipal, onde fizeram hemograma e deu que as plaquetas estavam baixas. Decidi levar ele de novo para o hospital de Niterói, onde ele ficou internado até que morreu no dia 30 - disse ele, que não quis dar mais detalhes, nem esclareceu quais era as taxas de plaquetas do pai. - Aqui ninguém mais quer falar. Agora já foi — finalizou, entrando em casa.
De acordo com a Secretaria Municipal de Silva Jardim, o paciente tomou a vacina dia 19, na Unidade Municipal de Mato Alto. No dia 20, ele passou mal e a família chamou o Samu, que o levou para ser atendido na Policlínica Municipal. Depois de receber os primeiros atendimentos, os familiares o transferiram para o CHN, onde ele ficou internado por dois dias, recebendo alta. Ainda de acordo com a secretaria, no dia 25 ele retornou à Policlínica sentindo-se mal, e mais uma vez a família preferiu transferi-lo para o CHN.
Até agora a viúva e os filhos do aposentado custam a acreditar no que aconteceu. Na residência do bairro de Mato Alto, uma área rural, repleta de sítios, os familiares estão evitando falar sobre o assunto. A viúva, de 59 anos, saiu cedo de casa nesta segunda-feira, e, segundo a família, está "sem chão".
— Ela não quis nem falar com o pessoal da secretaria de saúde que esteve hoje aqui na casa — contou Talles.
Nascido no Rio, o aposentado deixa cinco filhos.
A Secretária de Saúde de Silva Jardim, Teresa Cristina Abraão Fernandes, explica que na hora em que o paciente chegou no posto de saúde, a Unidade Municipal de Mato Alto, uma funcionária perguntou se ele tinha autorização médica para tomar a vacina. E que este é o protocolo seguido no município.
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