Carol Duarte (Foto: Roberto Teixeira/ EGO)

Carol Duarte fará sua estreia em novelas com intensidade máxima. A atriz, que já é conhecida no teatro, estará em “A Força do Querer”, próxima novela das nove de Glória Perez com estreia prevista para abril. Na trama, com direção de Rogério Gomes, Carol dá vida a Ivana, jovem que nasceu mulher, mas não se sente confortável no próprio corpo e acaba se identificando com o gênero masculino. “Fiz teste para esse personagem e como atriz vou tentar tratar da maneira mais respeitosa. O máximo que puder dar para ela vou dar. É um tema que precisa ser falado”, disse ela, em um bate-papo com os jornalistas na coletiva de imprensa da novela que aconteceu terça-feira, 14, nos Estúdios Globo, na Zona Oeste do Rio.

Carol Duarte e Maria Fernanda Cândido nos
bastidores de A Força do Querer
(Foto: Reprodução/Instagram)

Carol falou que está pronta para o diálogo que a trama vai proporcionar. “Quero ter esse diálogo que vai ser legal. A novela está aí para isso”, pontuou. A atriz garantiu que não se sente intimidada por estrear em um contexto tão polêmico. “É minha primeira novela, ainda tem muito trabalho a ser feito e é intenso, mas estou muito emocionada. Fico feliz de fazer parte disso porque é um tema necessário. A gente precisa falar sobre isso. Estou feliz de essa personagem estar na casa das pessoas e as pessoas falarem sobre esse assunto”, comentou.

Preconceito
Carol disse ainda que acredita que o folhetim possa fazer a diferença. “Meu trabalho está muito dedicado a que esse preconceito acabe. Quero que olhem para essas pessoas, que essas pessoas ganhem voz, que todos entendam que essas pessoas existem, que vivem isso. Não é fácil, mas já fico feliz em poder contribuir para que tudo isso seja conversado e, a partir daí, diminua a violência”, afirmou.

No laboratório para encarnar Ivana, a atriz contou que teve contato com vários homens transexuais e moldou sua personagem a partir do que absorveu da história de cada um. “Não me baseei em uma específica. A Ivana veio da pluralidade”, comentou. Carol, inclusive, tem um caso parecido com o da personagem próximo dela. “Eu cresci com uma pessoa, que era amiga da família, e que hoje é trans. Tenho pessoas em volta de mim que partilham dessa realidade”, revelou.

Maria Fernanda Cândido: "Eu não estou aqui para julgar ninguém"
Maria Fernanda Cândido, que estava afastada das novelas desde 2013 e dará vida a Joyce, mãe de Ivana na trama, disse que tem feito de tudo para não julgar a própria personagem. "Ela tem falas muito fortes relacionadas à estética e à autoestima. Criou a filha da maneira que ela entende o mundo, dizendo, por exemplo, que certos brinquedos são de menina. Transmitiu isso para a filha dessa maneira. São conflitos do mundo contemporâneo e que a gente tem que lidar. Joyce foi criada com parâmetros antigos e essa mudança vai mexer com o mundo dela", disse. E completou: "Eu não estou aqui para julgar ninguém, sou uma atriz, então tenho que mostrar a maneira de pensar dela para tentar mostrar o conflito, os dilemas na existência dessa mulher".

Maria Fernanda Cândido e Dan Stulbach
(Foto: Roberto Teixeira / EGO)

Dan Stulbach: "Nós temos que lidar com isso. O preconceito é filho da ignorância"
Dan Stulbach, que está longe das novelas há quatro anos e interpretará o pai de Ivana, Eugênio, também comentou sobre seu personagem e o papel dele nessa discussão. “Ele tem uma relação intensa com os filhos, que aumenta pela questão trans. Nós temos que lidar com isso. O preconceito é filho da ignorância. Quando coloca isso na casa de todo mundo, aumenta o diálogo e aumenta a aceitação. Acho que isso engrandece a nossa profissão”, afirmou.

O ator acredita que o público vai se identificar com a trama. “Diversos pais que estão lidando com isso vão se sentir incluídos. Os jovens passando por isso também vão se sentir menos sós”, falou.

Dan apoia o direito de cada um de escolher como quer viver e disse que ainda não sabe como será a reação de seu personagem ao tomar conhecimento das dúvidas da filha. “O direito que você tem de mudar seu gênero é uma discussãozona dos dias de hoje. Na minha opinião, eu acho que as pessoas têm esse direito e devem ser felizes do jeito que acreditam que são. Eu, por uma vontade minha, entrevistei cinco trans para entender melhor o assunto. Para entender melhor a reação do Eugenio, seja qual for”, explicou.