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Ponte "senta na vantagem", perde por um gol e garante vaga na final; análise

Macaca retorna à decisão do Campeonato Paulista depois de nove anos, quando foi vice-campeã ao ser derrotada pelo Palmeiras. Placar alcançado no jogo de ida pesou

Por Campinas, SP

Mais difícil que abrir uma larga vantagem sobre um dos melhores elencos do futebol brasileiro é administrar tal situação. E a Ponte Preta mostrou, em grande estilo, como se faz isso. A vitória no confronto de ida, por 3 a 0, sobre o Palmeiras, além de aproximar o time da vaga na final, garantiu  estabilidade para se trabalhar em cima de uma estratégia para o segundo jogo e, principalmente, mais confiança para enfrentar a pressão na casa do adversário - dos 39 mil torcedores no estádio, apenas 1,9 mil eram da Macaca. A minoria, porém, cantou sozinha, soberana e está na decisão.

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Lucca, atacante Ponte Preta (Foto: Marcos Ribolli)Lucca tem participação importante na composição tática da Ponte (Foto: Marcos Ribolli)

Em campo, se viu o que era esperado pelo técnico Gilson Kleina. Um Palmeiras pilhado querendo marcar pelo menos um gol nos primeiros minutos para pressionar. A estratégia pontepretana foi se defender, fechar os espaços pelo meio, dar as laterais para o adversário buscar o jogo, bem como as bolas altas na área. A Macaca literalmente "sentou na vantagem". E soube administrar de forma natural, comentando faltas quando necessário, mas acima de tudo jogando o jogo. A arma principal não funcionou. Foram poucos contra-ataques, mas a compactação defensiva prevaleceu.

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A Macaca foi para o intervalo com apenas 36% de posse de bola. E daí? O jogo da Ponte não era segurar a bola, mas sim impedir que ela passasse por Aranha. E isso o time conseguiu executar. O goleiro, porém, teve que trabalhar em alguns raros momentos que a marcação deu liberdade para o Palmeiras, como na cabeçada de Borja e no arremate frontal de Guerra. A postura impediu do time impediu mais pressão palmeirense. A linha de volantes com Fernando Bob, Elton e Jadson esteve bem. E a única mudança em relação ao jogo de ida foi Artur na vaga do suspenso Reynaldo.

 

No segundo tempo, Kleina foi preciso e extremamente feliz ao observar que Felipe Melo estava se comportando como um terceiro zagueiro pelo lado esquerdo da defesa palmeirense. O volante já tinha recebido cartão amarelo aos quatro minutos de jogo ao parar o contra-ataque de Pottker. E o que fez o comandante da Ponte? Colocou o artilheiro para atuar justamente neste setor do campo. Com base na força física, o camisa 9 forçou que as jogadas do Palmeiras saíssem da defesa através de Mina, que não tem um passe tão qualificado. E isso ajudou bastante a Macaca lá atrás.

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A quebra do passe na primeira linha palmeirense forçou o recuou do setor de meio de campo para buscar a bola. A Ponte se postou justamente ali. Compactou, sentou ainda mais na vantagem. Sem sofrer gol, a tensão do jogo ia se transformando em alegria pela missão concluída. Aos 37 minutos, Felipe Melo, em uma rara falha de Aranha, contou com a sorte e abriu o placar. Kleina agiu rápido novamente. O treinador tirou Jeferson e colocou o volante Naldo, ampliando a estatura do time nos minutos finais, em que o adversário apostou nas bolas altas e um outro gol poderia custar caro.

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A estratégia de Kleina deu o resultado esperado. O treinador sabe que em uma competição que se tem dois jogos para decidir uma classificação, a importância de fazer o placar como mandante é algo fundamental. Foi assim contra o Santos, quando venceu em Campinas, por 1 a 0, nas quartas de final. E foi ainda melhor diante do Palmeiras, na semifinal. Pelo que se desenha, tem tudo para ser assim também na decisão, seja contra Corinthians ou São Paulo. Uma coisa é certa, o elenco que muitos olhavam com desconfiança, independente do placar final, está na história da Macaca.

Ponte Preta Macaca Elenco (Foto: Marcos Ribolli)Elenco já garante espaço na história do clube, independente do resultado da final (Foto: Marcos Ribolli)