Mais difícil que abrir uma larga vantagem sobre um dos melhores elencos do futebol brasileiro é administrar tal situação. E a Ponte Preta mostrou, em grande estilo, como se faz isso. A vitória no confronto de ida, por 3 a 0, sobre o Palmeiras, além de aproximar o time da vaga na final, garantiu estabilidade para se trabalhar em cima de uma estratégia para o segundo jogo e, principalmente, mais confiança para enfrentar a pressão na casa do adversário - dos 39 mil torcedores no estádio, apenas 1,9 mil eram da Macaca. A minoria, porém, cantou sozinha, soberana e está na decisão.
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Em campo, se viu o que era esperado pelo técnico Gilson Kleina. Um Palmeiras pilhado querendo marcar pelo menos um gol nos primeiros minutos para pressionar. A estratégia pontepretana foi se defender, fechar os espaços pelo meio, dar as laterais para o adversário buscar o jogo, bem como as bolas altas na área. A Macaca literalmente "sentou na vantagem". E soube administrar de forma natural, comentando faltas quando necessário, mas acima de tudo jogando o jogo. A arma principal não funcionou. Foram poucos contra-ataques, mas a compactação defensiva prevaleceu.
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A Macaca foi para o intervalo com apenas 36% de posse de bola. E daí? O jogo da Ponte não era segurar a bola, mas sim impedir que ela passasse por Aranha. E isso o time conseguiu executar. O goleiro, porém, teve que trabalhar em alguns raros momentos que a marcação deu liberdade para o Palmeiras, como na cabeçada de Borja e no arremate frontal de Guerra. A postura impediu do time impediu mais pressão palmeirense. A linha de volantes com Fernando Bob, Elton e Jadson esteve bem. E a única mudança em relação ao jogo de ida foi Artur na vaga do suspenso Reynaldo.
No segundo tempo, Kleina foi preciso e extremamente feliz ao observar que Felipe Melo estava se comportando como um terceiro zagueiro pelo lado esquerdo da defesa palmeirense. O volante já tinha recebido cartão amarelo aos quatro minutos de jogo ao parar o contra-ataque de Pottker. E o que fez o comandante da Ponte? Colocou o artilheiro para atuar justamente neste setor do campo. Com base na força física, o camisa 9 forçou que as jogadas do Palmeiras saíssem da defesa através de Mina, que não tem um passe tão qualificado. E isso ajudou bastante a Macaca lá atrás.
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A quebra do passe na primeira linha palmeirense forçou o recuou do setor de meio de campo para buscar a bola. A Ponte se postou justamente ali. Compactou, sentou ainda mais na vantagem. Sem sofrer gol, a tensão do jogo ia se transformando em alegria pela missão concluída. Aos 37 minutos, Felipe Melo, em uma rara falha de Aranha, contou com a sorte e abriu o placar. Kleina agiu rápido novamente. O treinador tirou Jeferson e colocou o volante Naldo, ampliando a estatura do time nos minutos finais, em que o adversário apostou nas bolas altas e um outro gol poderia custar caro.
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A estratégia de Kleina deu o resultado esperado. O treinador sabe que em uma competição que se tem dois jogos para decidir uma classificação, a importância de fazer o placar como mandante é algo fundamental. Foi assim contra o Santos, quando venceu em Campinas, por 1 a 0, nas quartas de final. E foi ainda melhor diante do Palmeiras, na semifinal. Pelo que se desenha, tem tudo para ser assim também na decisão, seja contra Corinthians ou São Paulo. Uma coisa é certa, o elenco que muitos olhavam com desconfiança, independente do placar final, está na história da Macaca.