Política Lava-Jato

Odebrecht repassou R$ 9,6 milhões a Duda Mendonça, marqueteiro de Skaf, afirma delator

Presidente da Fiesp teria recebido mais R$ 2,5 milhões a pedido da CSN

O publicitário Duda Mendonça chora na CPI dos Correios
Foto: Ailton de Freitas / Ailton de Freitas/11-8-2005
O publicitário Duda Mendonça chora na CPI dos Correios Foto: Ailton de Freitas / Ailton de Freitas/11-8-2005

SÃO PAULO - Dono da empreiteira que leva seu nome e colaborador da Lava-Jato, o empresário Emílio Odebrecht disse em depoimento aos procuradores da força-tarefa ter celebrado um contrato fictício de R$ 9,6 milhões com o marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ao governo de São Paulo, em 2014.

A informação consta do despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que determinou o envio do depoimento de Emílio e do pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) de investigação deste contrato ao Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba, onde tramita a maior parte dos processos da Lava-Jato.

De acordo com Emílio Odebrecht, o contrato fictício foi celebrado para viabilizar parte do pagamento a Duda pelos serviços de marketing político prestados a Paulo Skaf na campanha de 2014.

No fim de março, Duda Mendonça assinou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal , que ainda depende de homologação do ministro Fachin.

Skaf também é citado em um segundo pedido de investigação envolvendo a Odebrecht e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Segundo o ex-presidente da Odebrecht e também colaborador da Lava-Jato, Marcelo Odebrecht, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, teria pedido a ele que repassasse R$ 2,5 milhões a Skaf e outros R$ 14 milhões a Antonio Palocci, “em razão de compromisso assumido com o PT”.

A exemplo da primeira investigação envolvendo Skaf e Duda Mendonça, Fachin determinou que o processo envolvendo este pagamento também fosse enviado a Curitiba, onde Palocci responde a processo penal por suspeita de intermediar pagamento de propina para o PT.

OUTRO LADO

Por meio de nota divulgada nesta quarta-feira, Paulo Skaf disse “desconhecer totalmente as supostas informações”.

“Reiteramos que todas as doações recebidas pelas campanhas de Paulo Skaf ao governo de São Paulo estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou suas prestações de contas sem qualquer reparo”, segundo a assessoria do presidente da Fiesp.

Na nota, a assessoria registra que “Skaf nunca pediu e nem autorizou que alguém pedisse qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas”.

A assessoria da CSN informou que Benjamin Steinbruch irá se manifestar nesta quarta-feira sobre o caso, bem como a defesa de Antonio Palocci.

Os advogados de Duda Mendonça informaram que o marqueteiro não irá se manifestar sobre o episódio.

Em nota divulgada na terça-feira, a Odebrecht informou que “após a colaboração dos executivos e ex-executivos”, a empresa “reconheceu seus erros, pediu desculpas públicas e assinou um Acordo de Leniência com as autoridades brasileiras e da Suíça, e também com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos”.

A empresa diz estar fazendo sua parte ao adotar “um novo modelo de governança” e implantar “normas rígidas de combate à corrupção” com vigilância para que suas ações, em especial na relação com agentes públicos, ocorram “dentro da ética, da integridade e da transparência”.