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Justiceiros da Barra decidem acompanhar operações da polícia

Principais reclamações são sobre tráfico de drogas e assaltos cometidos por motociclistas
Reforço. Carro da polícia na Praia da Barra, na altura da Olegário Maciel: moradores pediram mais vigilância Foto: Analice Paron/7-2-2017 / Analice Paron/7-2-2017
Reforço. Carro da polícia na Praia da Barra, na altura da Olegário Maciel: moradores pediram mais vigilância Foto: Analice Paron/7-2-2017 / Analice Paron/7-2-2017

RIO - Inconformados com o aumento da sensação de insegurança, moradores do Jardim Oceânico, funcionários de quiosques e lutadores começaram a se reunir nas últimas semanas para traçar estratégias de combate aos assaltos nas redondezas da Praça do Ó. A ideia inicial era formar um grupo de justiceiros para evitar os crimes, segundo os membros envolvidos, e “brigar mesmo”, nas palavras de um deles, se fosse necessário. Na última sexta-feira, porém, numa nova reunião, ficou decidido que os “vigias”, como diz outro membro, vão agir em conjunto com a Polícia e a Guarda Municipal, acompanhando operações.

— A prefeitura nos procurou e reconheceu que a situação está caótica. Prometeram-nos que providências serão tomadas e que haverá aumento do número de operações. O problema é que, na maioria dos casos, os envolvidos são menores de idade. Eles são detidos e liberados no dia seguinte — diz um lutador de MMA que pediu para não ser identificado.

Diante da promessa da prefeitura de acirrar o combate ao problema, o lutador explica que a linha de ação do grupo foi revista e que o objetivo passou a ser acompanhar as operações, para estar “ao lado da lei”:

— Nosso grupo continua. Ajudaremos a própria polícia e a guarda, correndo atrás dos bandidos quando necessário. Já que a prefeitura está querendo cooperar, vamos agir assim.

Na semana passada, um dos moradores envolvidos admitiu que a intenção inicial era formar um grupo de justiceiros.

— Estamos nos mobilizando para enfrentar os bandidos. Brigar mesmo. Nós conhecemos os delinquentes, são sempre os mesmos. Às vezes eles são presos, mas estão soltos no dia seguinte — explicou o morador na ocasião, informando que a inspiração partira de movimento semelhante realizado em Ipanema e no Leblon.

Pelo menos 15 pessoas estiveram presentes em cada uma das reuniões realizadas. Entre elas estava um lutador que afirma ter participado de um grupo com proposta semelhante, há cerca de 20 anos, que combateu arrastões na Praia do Pepê. Segundo ele, a estratégia é fazer o mesmo agora:

— Não queremos incitar a violência, mas não podemos ficar de braços cruzados, enquanto tudo isso acontece. Tenho dois filhos que não querem mais sair sozinhos de casa. As pessoas estão evitando a Praça do Ó, que deveria ser um espaço de lazer.

Ele diz ter tentado levar um dos assaltantes para o esporte:

— O cara não admitiu que era um dos bandidos, mas eu sei que era. Disse que ele podia entrar para a aula de jiu-jítsu, que eu lhe abriria as portas, e ele não quis.

Assaltantes em motos preocupam

Desde o ano passado, moradores do Jardim Oceânico sofrem com o aumento da violência na região. Em novembro, uma quadrilha que invadia residências foi presa pela polícia. Desde então, a maior reclamação são os assaltos praticados na Praça do Ó e no entorno, muitas vezes por bandidos que chegam em motocicletas.

— Na praça já existe tráfico de drogas há algum tempo. Agora, começou a ter assalto também — diz um morador.

O subcomandante do 31º BPM (Recreio), Vanildo Sena, diz que o policiamento na região está reforçado desde o fim do ano passado, quando houve uma série de reuniões com moradores para abordar especificamente os problemas enfrentados na área.

— Agora temos um carro exclusivo para o Jardim Oceânico, e realizamos operações à noite, o período com o maior índice de ocorrências. O problema está sendo minimizado, assim como no restante da Barra — garante.

O subcomandante acrescenta que a área tem outro grave problema: a presença de traficantes de drogas.

— As praças do Ó e Euvaldo Lodi são os pontos da Barra com mais ocorrências de tráfico e onde realizamos mais prisões relacionadas a esse tipo de crime — explica.

Devido ao quadro de insegurança, no fim do ano passado foi criado o movimento Jardim Oceânico Presente, com o objetivo de reivindicar a implementação do programa do Bairro Presente na região. Fundadora do movimento, Juliana Ache diz que os focos são segurança pública e ordenamento urbano:

— Os problemas se agravaram muito recentemente. Acreditamos que a criação da operação Jardim Oceânico Presente poderia ser uma solução. Fizemos um abaixo-assinado com esta reivindicação que reuniu 8.500 nomes.

Segundo Juliana, os assaltos praticados por criminosos em motos ainda são frequentes nos arredores da Praça do Ó. Mas ela reconhece que a situação melhorou a partir do estreitamento da parceria com o 31º BPM, o que inclui medidas como as reuniões ocasionais entre policiais e moradores:

— A polícia está agindo na medida do possível. Mas, com a crise do estado, há uma limitação de efetivo e recursos. Por isso, acreditamos que o comércio poderia ajudar a patrocinar o Jardim Oceânico Presente.

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