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Estado Islâmico reivindica ataque que matou policial na Champs-Elysées

Atirador de Paris seria belga já conhecido das autoridades; Hollande acredita em terror
Soldado guarda área do Arco do Triunfoapós ataque terrorista a centenas de metros Foto: Kamil Zihnioglu / AP
Soldado guarda área do Arco do Triunfoapós ataque terrorista a centenas de metros Foto: Kamil Zihnioglu / AP

PARIS - O Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque a tiros que deixou um policial e um suspeito mortos na tradicional avenida Champs-Elysées, em Paris, além de outros dois agentes e uma turista feridos. De acordo com a agência de propaganda do grupo, a Amaq, o autor seria um belga chamado Abu Yusuf e teria cúmplices "guerreiros" do EI. A rede francesa BFM TV advertiu que o atirador, que seria francês, havia anunciado previamente em um aplicativo de mensagens o desejo de matar policiais.

Segundo o diário "Le Parisien", o suspeito se chamaria Karim C. e era investigado por uma unidade contraterrorista. Em 2005, ele foi condenado a 15 anos de prisão pela tentativa de matar três pessoas, entre elas um policial, quatro anos antes. Durante um interrogatório, ele teria conseguido roubar uma arma e balear um agente, afirmou a CNN. Recentemente, ele teria sido detido após informantes indicarem que ele estava "buscando armas para matar policiais". Mas procuradores teriam deixado-o ir embora por falta de provas.

VEJA TAMBÉM: O QUE SE SABE SOBRE O ATAQUE NA AVENIDA CHAMPS-ÉLYSÉES, EM PARIS

Com a popular área completamente fechada, uma unidade antiterror trabalha no caso, e o presidente François Hollande disse estar convencido de que o caso se trata de terrorismo. As autoridades ordenaram ainda a prisão de um outro suspeito que teria vindo de um trem da Bélgica.

Os tiros foram disparados no boulevard entre as estações Franklin Roosevelt e George V, na linha 9 do metrô parisiense, por volta das 21h (locais). O local fica a menos de um quilômetro do Arco do Triunfo, uma das construções mais famosas da cidade.

Segundo a agência Reuters, um homem teria atacado a sangue frio os policiais na viatura, usando um fuzil Kalashnikov. Um sindicato policial indicou originalmente que dois agentes morreram, assim como o suspeito — que depois acabou baleado fatalmente por outros policiais. O agente morto tem 30 anos, revelou o procurador antiterror François Molins.

— Um veículo parou ao lado de um carro de patrulha da polícia na Champs-Elysées e disparou contra os policiais que estavam dentro. Depois continuou seu caminho na tentativa de atirar em outros agentes. O alvo visado eram os policiais — relatou um porta-voz do Ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet.

Testemunhas relataram que um homem saiu andando do veículo com um Kalashnikov e disparou contra os agentes.

— Ouvi seis tiros. Fiquei assustado. Ele mirou diretamente no policial —  afirmou uma testemunha à Reuters.

O local do ataque
Policial e suspeito morreram
Paris
França
Arco do
Triunfo
Espanha
Local do ataque
Estação
Georges V
Estação
Georges V
Torre Eiffel
O local do ataque
Policial e suspeito morreram
Paris
França
Espanha
Arco do
Triunfo
Local do ataque
Estação
Georges V
Estação
Georges V
Torre Eiffel


A polícia logo fechou o local, que é muito frequentado por turistas, e colocou dezenas de viaturas na área. Estações de metrô no entorno foram fechadas.

Segundo o "Le Monde", outro suspeito poderia estar à solta, mas autoridades disseram que o atirador parece ter agido sozinho. A polícia anunciou que estava fazendo uma busca numa casa em Seine-et-Marne, Leste de Paris, após o ataque.

— Estou convencido de que as circunstâncias do ato apontam para um ato terrorista — disse Hollande, que convocou uma reunião emergencial de Gabinete com o alto escalão de seu governo.

O grupo Estado Islâmico reivindicou a autoria do tiroteio que deixou um policial morto e dois feridos em Paris na noite desta quinta-feira. O agressor também teria morrido no ataque realizado na avenida Champs Elysées, em Paris - AFP
O grupo Estado Islâmico reivindicou a autoria do tiroteio que deixou um policial morto e dois feridos em Paris na noite desta quinta-feira. O agressor também teria morrido no ataque realizado na avenida Champs Elysées, em Paris - AFP

O presidente americano, Donald Trump, disse que o caso "parece ter sido outro ataque terrorista" e enviou condolências aos franceses.

— Parece outro ataque terrorista. O que podemos dizer? Não acaba nunca. Temos que ser fortes e vigilantes, digo isto faz muito tempo.

Ja os principais candidatos à Presidência da França deixaram o agressivo tom político da campanha e lamentaram o ataque a tiros. Os candidatos Emmanuel Macron, Marine Le Pen e François Fillon cancelaram seus atos de campanha previstos para sexta-feira.

"Emoção e solidariedade para a nossa polícia, mais uma vez alvo", escreveu no Twitter Le Pen, líder nacionalista e chefe da Frente Nacional (extrema-direita).

Tiros foram disparados na Champs-Élysées, mais famosa avenida parisiense, nesta quinta-feira (20). Um policial morreu e outro agente está ferido. Um suspeito foi morto - AP
Tiros foram disparados na Champs-Élysées, mais famosa avenida parisiense, nesta quinta-feira (20). Um policial morreu e outro agente está ferido. Um suspeito foi morto - AP

A Champs-Elysées é a mais famosa avenida de Paris, na qual se encontram locais icônicos da cultura francesa. O boulevard tem seu início na Place de la Concorde, conhecida principalmente por ter sido o local das execuções durante a Revolução Francesa. Louis XVI e Maria Antonieta, entre outras figuras ilustres da época, foram guilhotinados lá. Já na Place de l'Étoile, final da Champs-Élysées, há uma interseção de 12 grandes avenidas. No meio da praça, está um dos principais monumentos: o Arco do Triunfo. Ele foi erguido em homenagem àqueles que lutaram e morreram durante a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas.

TEMOR RECORRENTE

Na terça-feira, a polícia desbaratou em Marselha um plano de ataque terrorista durante a eleição, que ocorre no domingo. Foram encontrados na casa de dois suspeitos armas, explosivos e uma bandeira do Estado Islâmico.

O aparente ataque ocorre durante o último debate entre os candidatos ao primeiro turno à Presidência francesa. O terrorismo, que deixou ao menos 230 mortos no país desde janeiro de 2015, foi um dos principais temas de campanha. A candidata nacionalista Marine Le Pen foi a mais focada no tema, associando o extremismo à imigração de muçulmanos.