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Equador corta comunicação de Assange com mundo exterior

Na embaixada em Londres, fundador do WikiLeaks violou regras com comentários políticos
Julian Assange está refugiado na Embaixada do Equador em Londres há quase seis anos Foto: JUSTIN TALLIS / AFP
Julian Assange está refugiado na Embaixada do Equador em Londres há quase seis anos Foto: JUSTIN TALLIS / AFP

QUITO — O Equador anunciou nesta quarta-feira a suspensão do sistema de comunicação da sua embaixada em Londres que permitia ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, manter contato com o mundo fora da sede diplomática, onde vive desde 2012. A decisão veio depois que Assange se pronunciou durante a semana sobre questões diplomaticamente sensíveis, incluindo a situação do governo da Catalunha e a crise entre Rússia e Reino Unido, desrespeitando a advertência de Quito para que ele não comentasse sobre assuntos políticos locais ou internacionais.

O governo argumentou que o comportamento de Assange nas redes sociais coloca em risco as boas relações equatorianas com o Reino Unido, o resto da União Europeia e outros países.

"A medida foi adotada frente o incumprimento por parte de Assange do compromisso escrito que asusmiu com o governo no fim de 2017, pelo qual fica obrigado a não emitir mensagens que supusessem interferência em relação a outros Estados", disse, em nota oficial, o governo do Equador. "Por tudo isso, para prevenir potenciais danos, a embaixada de Londres interrompeu neste 27 de março as comunicações com o exterior a que Assange tem acesso."

O Equador concedeu asilo político ao australiano Assange após ele pedir refúgio à embaixada britânica em 2012 para evitar ser extraditado ao país onde vivia, a Suécia, onde é alvo de acusações de abuso sexual. A Suécia retirou o caso em maio, mas ainda assim Assange permanece na embaixada porque pode ser preso no Reino Unido por faltar a julgamento.

Assange, que nega as acusações de estupro, teme ser deportado para os Estados Unidos, onde enfrentaria acusações por ter vazado através do WikiLeaks milhares de documentos militares e diplomáticos secretos dos EUA, vazados pela ex-analista de Inteligência do Exército dos EUA Chelsea Manning, libertada após sete anos na prisão . Recentemente, foi acusado por políticos democractas de conspirar com a Rússia e a campanha de Donald Trump ao vazar documentos comprometedores roubados da equipe da ex-candidata Hillary Clinton.

Desde que lhe concedeu o asilo, Quito espera que as autoridades britânicas lhe entreguem um salvo-conduto para que ele possa sair do Reino Unido. A chanceler equatoriana diz que a situação de Assange "do ponto de vista humano não é sustentável".

Em abril do ano passado, autoridades dos Estados Unidos anunciaram preparar acusações para prender Assange . A investigação do Departamento de Justiça sobre Julian Assange e o WikiLeaks está aberta desde quando o site ganhou ampla atenção.