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No Twitter, 'Fora, Temer' e 'Diretas já' se descolam da polarização política

Luís Guilherme Julião e Marlen Couto

A notícia publicada pelo GLOBO de que o presidente Michel Temer foi gravado pelo dono da JBS Joesley Batista, dando aval ao pagamento de propina a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em troca do seu silêncio, dominou e se espalhou rapidamente pelas redes sociais nesta quarta-feira. Temer foi mencionado em 947.418 mensagens no Twitter, que na maioria das vezes foram compartilhadas por perfis que estão fora da polarização política entre usuários tradicionalmente contrários e favoráveis ao atual governo. As hashtags mais populares indicam ainda que predominou, ao menos no microblog, o apoio à saída do presidente do cargo e à convocação de eleições diretas.

O levantamento a que o blog de Dados teve acesso é do professor de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) Fábio Malini. Os tuítes foram coletados entre as 22 horas de terça-feira e 22 horas desta quarta-feira, logo após serem divulgadas as informações comprometedoras sobre o presidente.

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A área cinza da imagem abaixo indica usuários classificados como independentes da polarização, ou seja, que não retuítam perfis considerados predominantemente governistas ou de oposição a Temer. Em vermelho, perfis que costumam compartilhar conteúdos ligados à oposição ao governo e em amarelo aqueles classificados como governistas. Em azul, estão jornais e portais de notícias.

Usuários que compartilharam menções a Temer

Fábio Malini explica que os pólos são montados com base no conjunto de usuários que retuítam determinados perfis.

— Tudo se dá em função de quem retuíta. Quando há muitos usuários que retuítam um conjunto de outros usuários, essa dimensão comum faz com que a posição desses usuários fique polarizada. Perfis mais conservadores tendem a retuitar outros perfis conservadores, por exemplo. O perfil do deputado Marcelo Freixo está em cinza porque foi retuitado por muitos usuários que não estão ligados a nenhum pólo das narrativas políticas. 

O professor também explica que predominam três narrativas em torno do assunto na rede social. Uma é a dissipação e compartilhamento das últimas informações publicadas em primeira mão pelo GLOBO, seguida de publicações irônicas, piadas e "memes" da situação política e a terceira são análises e opiniões sobre os fatos.

— As mensagens fogem da própria linguagem política dos pólos. Tem uma coisa desse "non-sense" do Twitter, mas percebi que a audiência se caracterizou mais por fazer a crítica política de forma um pouco mais diversificada. Na rede também se tem um tom maior da ação coletiva que dispara uma vontade de ações coletivas exigindo eleições diretas e a saída de Temer — diz.

Na imagem abaixo, estão as hashtags de maior repercussão. Nos pontos em verde aparecem as com maior compartilhamento: #DiretasJá e #ForaTemer. 

Hashtags mais usadas por usuários

Além dos memes, um movimento que ganhou força entre os usuários do Twitter, assim que o conteúdo do grampo foi divulgado, foi retuitar posts antigos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba. O objetivo foi satirizar as relações entre o ex-deputado e Temer.

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