De Paris.

No Brasil, meus alunos pré-adolescentes passaram a serem educados, trancados em seus quartos, por youtubers de direita.

Não há os de esquerda.

Na França, a garotada cyber, a geração Z, a que nunca foi ao cinema ou viu tevê, também é toda de direita.

Em Paris, visitamos uma escola moderna, de alta tecnologia, a L'Ecole 42 (referência ao Guia dos Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams): não há professores, nem horários, o elevador emula uma boate com estrobo e música techno e no recreio há salas com Playstation em telões.

Todo mundo chega e vai embora de skate. Tudo muito livre. Tudo muito moderno. Escola sem partido.

Um dos alunos gaba-se de estar concluindo um projeto de uma bala de fuzil inteligente que só explode dentro da pessoa-alvo. O objetivo acadêmico do garoto é criar algo que mate com maior eficiência. Irá ganhar o primeiro milhão antes de mim ou de você.

Do outro lado da cidade, visitamos o Les Grands Voisins, gigantesco hospital abandonado transformado em incubadora de start ups.

São 300 micro empresas. Parceria com grandes no mercado como o Airbnb. Lá, diferente do clima usual encontrado em incubadoras de start ups, todos os projetos se preocupam com o vizinho, com a pessoa ao lado, com o morador da cidade, com o morador da periferia.

Uma das empresas se gaba de ter desenvolvido um aplicativo que reúne voluntários e centraliza doações aos refugiados sírios, que pedem esmola nos sinais da cidade.

Outra, está feliz por ter finalizado o último trimestre com resultados maiores que os projetados por seu negócio: inserir no mercado de trabalho pessoas com deficiências físicas.

Mas, e o dinheiro? E enriquecer?

O leitor decide.

Qual das duas opções é verdadeiramente moderna?

E mais bem sucedida?

E mais rica?

Esse é uma escolha não só do leitor. Nem mesmo só da França, como sociedade.

É um assunto mais importante em todo o mundo hoje.

Porque as consequências destas escolhas estão batendo à nossa porta.

De todos nós.

No mundo inteiro.