Política Eleições 2018

'Não aceito resultado diferente da minha eleição', diz Bolsonaro

Em entrevista do hospital a programa de TV, candidato voltou a criticar urnas eletrônicas
Jair Bolsonaro é entrevistado por Datena Foto: Reprodução
Jair Bolsonaro é entrevistado por Datena Foto: Reprodução

SÃO PAULO -  O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro , voltou, nesta sexta-feira, a colocar sob suspeição o resultado das eleições. Em entrevista ao jornalista José Luiz Datena , no programa “Brasil Urgente”, da Band, o presidenciável afirmou que não aceitará resultado que não seja favorável a ele.

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- Não posso falar pelos comandantes (militares). Pelo que vejo nas ruas, eu não aceito resultado diferente da minha eleição - disse Bolsonaro, negando que sua postura seja antidemocrática. - Não é (antidemocrático). É um sistema eleitoral que não existe em lugar nenhum do mundo - complementou o parlamentar, voltando a levantar suspeitas sobre o atual sistema que não exige o voto impresso.

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Bolsonaro é autor de uma lei aprovada pelo Congresso restituindo o voto impresso, mas que foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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Bolsonaro negou que sua postura seja antidemocrática e voltou a relacionar o PT ao governo da Venezuela.

- Não é o caminho da polarização do Jair Bolsonaro e PT. É Jair Bolsonaro democrata, e o PT que é o caminho da venezuelização.

Bolsonaro afirmou caso não tivesse ocorrido o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, “o aparelhamento das instituições seria mais grave ainda.” No entanto, o candidato disse que não acredita que havia risco de golpe e afirmou que se as Forças Armadas só agiriam se o PT "errasse primeiro."

- Golpe, eu não acredito nisso. O que eu vejo das instituições militares (Marinha, Aeronáutica, Exército) eles não tomariam iniciativa. Se a primeira falta, o PT viesse a cometer sim, daria poderia acontecer sim a participação das forças armadas, mas o PT errado primeiro. E não nós, afinal as Forças Armadas estão aí, nós somos avalistas da Constituição. Não existe democracia sem Forças Armadas - disse ele.

O candidato também disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, não aceitaria passivamente sua prisão caso não tivesse um “plano B”.

—  No meu entender, o Plano B é a fraude eleitoral — disse Bolsanaro, lançando suspeita também sobre a autenticidade de sorteios da Mega-Sena. O político afirmou que não suspeita de ministros do Tribunal do Superior Eleitoral (TSE), porque “eles não têm capacidade de hackers”, mas sim de funcionários do órgão.

Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto, está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o começo do mês, quando levou uma facada durante ato de campanha em Juiz de Fora. Ele deve ter alta neste fim de semana.

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Questionado sobre a reportagem da revista “Veja”, que revelou que ele foi acusado em processo de separação pela sua ex-mulher Ana Cristina Valle de ter escondido patrimônio, ter acumulado bens além de seus proventos, e de ser agressivo, ele disse que a própria ex-mulher, ainda na reportagem,"desmente muita coisa".

- Em uma separação é comum, não todas, mas nas litigiosas, as cotoveladas acontecem de ambas as partes. Tem a partilha de bens, tem guarda do filho. E a própria ex-mulher minha, ela diz claramente que, com sangue quente, fala coisas que não existem. Ela mesmo disso aí. É a acusação de uma pessoa que ela mesmo disse que não aconteceu.

Na entrevista, Bolsonaro disse que existe um pacto entre o PT e partidos do Centrão para um “indulto de Lula.” Formalmente, o centrão está coligado com o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

- O Zé (José Dirceu) acabou de dar declaração que eles vão ganhar as eleições. E mais importante do que ganhar as eleições, eles vão assumir o poder no Brasil. O recado está dado - disse Bolsonaro, afirmando que há uma única chance de o PT ganhar as eleições:

-  Só na fraude. Lamentavelmente não temos como auditar as eleições. Só na fraude — afirmou.

O candidato disse ainda que determinou a seu vice, o General Hamilton Mourão, e ao seu consultor para a área econômica, Paulo Guedes, apelidado por ele de “Posto Ipiranga, que não se manifestassem mais para evitar controvérsias na campanha. Nas últimas semanas, declarações dos dois geraram polêmica. Mourão chamou a existência do 13º salário de jaboticaba brasileira, e Guedes sinalizou com a volta de um imposto nos moldes da antiga CPMF, entre outros pontos.

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Segundo Bolsonaro, as frases de seus aliados têm sido tiradas de contexto.

-  Eu falei sim para ele (Mourão) ficar quieto porque está atrapalhando realmente. O vice geralmente não apita nada, mas atrapalha muito — disse.

Movimento #EleNão

Bolsonaro comentou também o movimento #EleNão, que organizado por mulheres na internet, tem manifestações programadas pelo país.  O candidato criticou artistas que têm se posicionando contra ele.

— Umas artistas agoram estão achando que vão manipular as mulheres brasileiras, decentes, honestas, conservadoras, mães, chefe de família. Não vai tutelar esse pessoal, não vai ser tutelado.

Governadores de oposição

Também na tarde desta sexta-feira, em entrevista à Rede TV, Bolsonaro disse que os governadores de oposição terão tratamento secundário em seu governo.

- Vamor priorizar os problemas mais graves e os governadores mais afinados - afirmou Bolsonaro, acrescentando que os governadores de oposição terão tratamento secundário, mas "sem penalizar o povo".

Prestes a receber alta do hospital, Bolsonaro disse que seguirá as recomendações médicas e não participará de debates antes do primeiro turno das eleições.

Perguntado sobre as manifestações de integrantes de sua equipe que causaram problemas para sua campanha nesta reta final da eleição, Bolsonaro disse que  a "carta branca" ao economista Paulo Guedes, que chegou a falar na volta da CPMF, tem limite, mas minimizou o episódio, dizendo que foi um "ato falho" do economista e que ele foi mal interpretado.

- Essa carta branca tem um limite - afirmou Bolsonaro, afirmando que Guedes passou a ser o "dono da situação" depois de ter dito a ele que era possível resolver os problemas da economia brasoleira sem aumentar a carga tributária.

- Ninguém mais aguenta pagar imposto - completou.

Bolsonaro frisou, porém, que "não vai ter privatização do Banco do Brasil e da Caixa" e que as demais, "podemos conversar".

Para o candidato, é possível aumentar as receitas desonerando a folha de pagamento (das empresas), desburocratizando e fazendo um comércio "sem viés ideológico" e agregando valor às exportações atendendo "o pessoal da bancada ruralista, fundindo, por exemplo, o Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura.