Motorista atropela manifestantes durante protesto contra Michel Temer em Goiânia
Uma motorista tentou furar um bloqueio feito durante um protesto que pedia a renúncia do presidente Michel Temer (PMDB) na Avenida Anhanguera, em Goiânia, na tarde desta quinta-feira (18), e atropelou manifestantes. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas (veja no vídeo acima).
Em seguida, manifestantes cercaram o carro e o depredaram. Dos feridos, uma mulher foi atendida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). O outro é o marido dela, que sofreu ferimentos em um dos braços, mas seguiu para o 1º Distrito Policial da capital.
De acordo com boletim médico, divulgado pelo Hugo, a mulher atropelada está consciente, orientada, verbalizando e respirando de forma espontânea. Ela ainda é avaliada pela equipe multiprofissional da emergência da unidade.
Já a condutora do carro e um passageiro foram retirados do veículo e escoltados pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar. Em seguida, a mulher foi levada para a Central de Flagrantes de Goiânia.
Segundo o sargento Welder Alves Justino, a motorista não ficou ferida. “Ela está em estado de choque. Todo mundo queria apedrejar o carro dela. Tentaram linchá-la. Ela não ficou ferida, apenas assustada”, disse.
Foto mostra momento em que carro atropela manifestantes, em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Manifestante ferida durante protesto foi socorrida e levada a hospital — Foto: Paula Resende/G1
Protesto
A concentração do protesto começou por volta das 16h15 na Praça do Bandeirante, no Setor Central, e reuniu integrantes de diferentes entidades. Segundo a organização, cerca de 300 pessoas participaram do ato. Já a Polícia Militar não informou a estimativa. O ato foi encerrado por volta das 18h.
A manifestação foi organizada por meio de redes sociais na noite de quarta-feira (17), depois que o jornal "O Globo" divulgou informações sobre a delação dos irmãos donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, que disseram que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na Operação Lava Jato.
Em pronuciamento nesta tarde, Michel Temer disse que não teme a delação e que não vai renunciar ao cargo.
Participam do protesto em Goiânia o Fórum Goiano contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, composto por centrais sindicais, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e entidades representativas da sociedade civil. Eles também afirmaram que o ato foi contra as reformas da Previdência e trabalhista.
Grupo protesta pedindo a renúncia de Temer em Goiânia — Foto: Paula Resende/G1
Delações
Em gravação, feita em março deste ano, Joesley diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer disse, na gravação: "tem que manter isso, viu?"
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência disse que o presidente Michel Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".
Também na delação, Joesley entregou uma gravação à PGR na qual o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, é gravado pedindo ao empresário R$ 2 milhões. No áudio, com duração de cerca de 30 minutos, o presidente nacional do PSDB justifica o pedido dizendo que precisava da quantia para pagar sua defesa na Lava Jato.
Segundo a reportagem, no material que chegou às mãos do ministro Edson Fachin no Supremo Tribunal Federal (STF), a PGR diz ter elementos para afirmar que o dinheiro recebido pelos assessores de Aécio Neves não era para os advogados.
Em nota, a assessoria de imprensa de Aécio Neves afirmou que o senador "está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos".