Por G1 São Paulo


Delator afirma que corrupção em SP com Odebrecht, é desde 1980

Delator afirma que corrupção em SP com Odebrecht, é desde 1980

O ex-executivo da Odebrecht Pedro Augusto Ribeiro Novis afirmou para a Procuradoria-Geral da República que a corrupção em São Paulo envolvendo a empresa e o governo do estado, existe, pelo menos, desde 1980.

O delator citou o nome de dois ex-governadores: Paulo Maluf e Orestes Quércia. Entretanto, nesses casos, as investigações não devem seguir porque os crimes já prescreveram.

Novis começou a carreira no grupo Odebrecht nos anos 70. Ele contou aos procuradores que em 1980 participou ao lado de Emílio Odebrecht da compra de uma das maiores construtoras da época, a CBPO. É desde tal período que ele conhece os esquemas de corrupção.

"Havia já uma estrutura montada na organização para atender as demandas de campanha e das obras, relativas a caixa 2", relata. "Os recursos eram gerados a partir de subempreeteiras superfaturadas ou a partir da compra de terrenos superfaturados”, afirmou Novis aos investigadores.

No começo dos anos 80, o governador do estado de São Paulo era Paulo Maluf, que estava no partido que apoiava a Ditadura Militar, o Arena.

Segundo Pedros Novis, a CBPO pagava uma porcentagem dos contratos da empresa com o estado para Maluf, via caixa 2.

“Paulo Maluf, período 80-82. Nós já encontramos uma relação de Paulo Maluf com a CBPO com os antigos acionistas que já tinha participação dos contratos. Ele tinha participação nos contratos."

No caso do Paulo Maluf são as obras da duplicação da Estrada de Ferro Campinas - Santos, da Fepasa. E o contrato da obra civil da Hidrelétrica de Rosana.

Em 1983, Pedro Novis virou o diretor da CBPO, seu primeiro cargo executivo. Ele contou aos procuradores que fez repasses ilegais de dinheiro durante o governo de Orestes Quércia, do PMDB, entre 1987 e 1991.

“Orestes Quércia foi o programa grande obras rodoviárias. O que eu citaria com destaque a rodovia carvalho pinto que nós fizemos um trecho. E os contratos com o metrô de São Paulo. As estações do Metrô da paulista.”

As obras da Rodovia Carvalho Pinto resultaram em outro esquema de corrupção, anos depois, segundo ex-executivos da Odebrecht.

A empresa cobrou do governo do estado, em 2001, atualização dos pagamentos pelo serviço. O caso foi parar na Justiça, e só foi resolvido em 2009.

"Era para o PSDB, para fortalecer a candidatura de José Serra", disse Novis.

Esses relatos envolvem suspeitas graves, mas têm pouca chance de ser investigados. O ex-governador Orestes Quércia morreu em 2010, o que dificultaria uma eventual investigação.

O maior impedimento está na própria legislação penal: os relatos do ex-executivo da Odebrecht são de governos que terminaram há pelo menos 30 anos.

Como José Serra é senador atualmente, ele será investigado pela Procuradoria-Geral da República. Serra afirma que jamais foi beneficiado ou recebeu vantagens indevidas da Odebrecht.

O assessor de Maluf, Adilson Laranjeira, disse que não vai comentar o caso. O PMDB de São Paulo, do ex-governador Orestes Quércia, morto em 2010, não respondeu.

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