BRASÍLIA - Na primeira queda de braço explícita com o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), o presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), colocou nesta terça-feira em votação, sem acordo, e conseguiu aprovar a indicação da Câmara para que o advogado Gustavo Rocha seja reconduzido para um novo mandato como conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público. Desde que abriu guerra com o governo Michel Temer, Renan vinha bombardeando a indicação de Gustavo Rocha, ex-advogado do PMDB e sub-chefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, por supostas ligações com o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, seu desafeto no partido.
A sabatina de Gustavo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi aprovada por larga maioria e em regime de urgência em março, mas até agora Renan vinha barrando a votação no plenário. Eunício vinha declarando que quando tivesse um quórum alto, para não correr risco de ser rejeitado, ele colocaria em votação no plenário.
- Temos que tomar muito cuidado com as indicações para esses conselhos - disse Renan, em discurso no plenário há algumas semanas.
Na primeira tentativa de votação no plenário, Renan articulou fortemente, e Eunício foi obrigado a retirar a matéria da pauta e adiar a votação. Hoje, com o plenário cheio, Eunício colocou a indicação em votação. Renan estava no gabinete da liderança reunido com as centrais sindicais, discutindo apoio aos sindicalistas contra a reforma trabalhista. Mas quando viu o início da votação, chegou ao plenário e passou a conversar com seus aliados no partido: Hélio José (DF), Kátia Abreu (TO) e Eduardo Braga (AM), mas acabou derrotado com a aprovação por 50 votos a favor, 14 contra e duas abstenções. A votação com quórum qualificado é secreta.
- Não teve acordo, mas estamos votando assim mesmo. É a democracia - comemorou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR).
Com relatório favorável do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), na mesma sessão foi aprovada a indicação da procuradora de Justiça Maria Tereza Uille Gomes para integrar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A votação da indicação para vaga que cabia à Câmara dos Deputados teve mais votos sim que a votação de Gustavo Rocha. O nome da procuradora foi aprovado com 58 votos a favor, dois contra e duas abstenções.