Por Leonardo Leomil e Ananda Apple, SP1 — São Paulo


São Paulo trata 70% do esgoto, segundo dados do Instituto Trata Brasil

São Paulo trata 70% do esgoto, segundo dados do Instituto Trata Brasil

Um levantamento divulgado pelo Instituto Trata Brasil mostra que 2 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo não possuem coleta de esgoto em casa.

Na plataforma “Painel Saneamento Brasil”, lançada nesta terça-feira (29), é possível consultar os números sobre fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto por cidade e região do país. Os dados são referentes ao ano de 2017.

Segundo o instituto, das 21 milhões de pessoas que vivem na Região Metropolitana de São Paulo, 283 mil não possuem acesso à água encanada. Em 2017, foram realizadas 6 mil internações por causa de doenças relacionadas a problemas sanitários, com registro de 139 mortes.

O principal objetivo do painel é facilitar o acesso a informações e conscientizar o poder público sobre a importância do saneamento básico. Segundo o Trata Brasil, investir em coleta e tratamento significa economizar em Saúde. O instituto estima que o estado de São Paulo economizaria R$ 84 bilhões em 20 anos se o acesso fosse universal.

Na comunidade Vietnã, na Vila Santa Catarina, Zona Sul de São Paulo, vivem cerca de 1300 famílias. O lugar é um labirinto de vielas onde cada casa joga seu esgoto no cimento ou em sua maior parte direto no córrego água espraiada.

“As pessoas estão morando aqui porque não têm para onde ir. Acabam voltando para o mesmo local. As pessoas não estão morando aqui porque querem, e sim por necessidade”, diz a líder comunitária Célia Batista.

O esgoto e o lixo prejudicam a saúde. Gregori Souza tem um bebê de um ano que já ficou doente. “Deixei ele brincando aqui e deu doença de pele nele”, diz o lavrador.

Segundo a Sabesp, o estado não tem orçamento para as desapropriações nem para construir novas unidades habitacionais. O jeito é pensar numa solução alternativa.

“Nós temos um desafio enorme, despoluir o Rio Pinheiros até 2022. Nós vamos implantar redes coletoras, vamos trazer o benefício. Onde não for possível fazer o coletor tronco por causa da ocupação irregular das habitações, nós vamos construir pequenas usinas de tratamento de esgoto e fazer pequenos tratamentos”, diz o diretor metropolitano da Sabesp Paulo Yoshimoto.

Para o Instituto Trata Brasil, é fundamental investir em saneamento para tirar a Região Metropolitana do atraso.

“Aquilo que a gente sente falta de saneamento é urbano. Não é uma poluição que vem da indústria, é uma poluição que vem da falta de cobertura de coleta de esgoto e da falta de tratamento de nas residências. A única maneira de a gente corrigir essas deficiências e melhorar a qualidade de vida é coletando e tratando o esgoto”, diz Fernando de Freitas, pesquisador do Instituto Trata Brasil.

Em nota, a Sabesp disse que vai investir quase R$ 19 bilhões até o fim de 2022 para que todo o esgoto das cidades onde a empresa atua seja coletado e tratado. A companhia também disse que nessas cidades todo mundo já tem acesso à água.

Esgoto a céu aberto em comunidade sem saneamento básico em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

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