Política

Rio é a cidade com maior população em favelas do Brasil

Políticas habitacionais estão longe de atender à demanda por moradias na cidade
Favela da Rocinha, no Rio Foto: Felipe Hanower / O Globo
Favela da Rocinha, no Rio Foto: Felipe Hanower / O Globo

RIO - O Rio de Janeiro é a cidade com a maior população vivendo em aglomerados subnormais do país, revela o estudo do Censo 2010 sobre o tema, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE. São 1.393.314 pessoas nas 763 favelas do Rio, ou seja, 22,03% dos 6.323.037 moradores do Rio. A cidade fica à frente inclusive de São Paulo, cuja população nas favelas e loteamentos irregulares é de 1.280.400, embora a capital paulista tenha mais aglomerados subnormais do que a fluminense, 1.020 ao todo.

Os números do Rio denotam um dado preocupante, que mostram que as políticas habitacionais estão longe de atender à demanda por moradias na cidade. Se comparados com os números do Censo 2000 do IBGE (quando havia 1.092.283 moradores de favelas no Rio, ou 18,65% dos habitantes do município), o crescimento da população em aglomerados subnormais em 10 anos foi de 27,65%, enquanto a cidade regular, excetuando os moradores das favelas, cresceu a um ritmo oito vezes menor, apenas 3,4%, passando de 4.765.621 para 4.929.723 nesses dez anos.

Também é do Rio o título do maior aglomerado subnormal do Brasil. Individualmente (sem levar em consideração a formação de complexos de favelas), a Rocinha continua sendo a maior favela do país. De acordo com o Censo, eram 69.161 moradores em 2010. Enquanto a segunda colocada, a comunidade Sol Nascente, no Distrito Federal, tinha 56.483 habitantes. Já a terceira maior favela do Brasil também era carioca: Rio das Pedras, na Zona Oeste, tinha 54.793 moradores em 2010. Mas se considerado que a comunidade forma um complexo com a favela A.M. e Amigos de Rio das Pedras, esse número era ainda maior, de 63.482 moradores. Ambas as comunidades, Rocinha e Rio das Pedras, são alguns dos destinos favoritos de imigrantes nordestinos no Rio, assim como de pessoas vindas de áreas distantes da Região Metropolitana do Rio, que escolhem essas regiões, entre outros fatores, devido à proximidade com os centros de trabalho.

A lista de maiores favelas/complexos de favelas do Rio (usando aqui critérios do Instituto Pereira Passos para reunir aglomerados subnormais em complexos de favela), tem ainda o Complexo do Alemão, com 58.430 habitantes; o Complexo da Fazenda Coqueiro, com 44.834 moradores; o Complexo da Penha (35.388); o Complexo do Jacarezinho (32.972); o Complexo de Acari (21.999); o Complexo de Manguinhos (21.846); e o Complexo da Pedreira (20.508).

Embora nem o IBGE nem o IPP agrupe as favelas da região da Maré num único complexo, se reunidas as áreas contíguas de favela da Maré, a população do Parque União, do Parque Rubens Vaz, da Nova Holanda, do Parque Maré, da Baixa do Sapateiro e do Timbau, juntos, era de 64.215 moradores em 2010. Uma população maior, portanto, do que de Rio das Pedras, mas menor do que da Rocinha.

Os números do IBGE, no entanto, ao considerar aglomerado subnormal apenas as comunidades que ocupam ou ocupavam até recentemente áreas públicas ou particulares alheias, não incluem áreas oriundas de conjuntos habitacionais hoje favelizadas, como a Vila do João, na própria Maré, quase toda a Cidade de Deus e a Vila Kennedy.

Além disso, desta vez, a pesquisa do IBGE utilizou metodologias distintas das de censos anteriores, como imagens de satélite para identificar as áreas dos aglomerados. Por isso, segundo o instituto, as comparações entre 2000 e 2010 podem apresentar diferenças.