Edição do dia 18/05/2017

18/05/2017 22h26 - Atualizado em 18/05/2017 22h26

Oposição protocola oito pedidos de impeachment de Temer

Partidos aliados começam a abandonar o governo.
Delação parou andamento de reformas no Congresso.

 Até o início da noite desta quinta-feira (18), a oposição protocolou no Congresso oito pedidos de impeachment do presidente Michel temer e partidos aliados ameaçam deixar o governo.

No Senado, na Câmara, reformas como a trabalhista e a da Previdência, estavam sendo discutidas. Com a delação, parou tudo. Na noite da quarta-feira (17), parlamentares de oposição chegaram a comentar nos plenários a reportagem do jornal o globo. Os presidentes do Senado e da Câmara encerraram as sessões evitando os debates.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira, do PMDB, mesmo partido de Temer, se recusou a fazer qualquer comentário.

“Não gente, eu não vou falar sobre esse assunto, não adianta. Não tem comentário a fazer. Não me cabe nessa matéria”, disse.

Em seguida alguns parlamentares foram assistir ao Jornal Nacional. Nesta quinta, nem Eunício nem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foram ao Congresso. 

Com muita negociação, o governo conseguiu aprovar a reforma trabalhista na Câmara e estava contando os votos para votar a da Previdência. Nesta quinta, o relator dela, Arthur Maia, do PPS, disse que não há mais espaço para o texto avançar.

O relator da reforma trabalhista no Senado, Ricardo Ferraço, do PSDB, foi na mesma linha. Anunciou que o calendário da reforma está suspenso, que a prioridade agora é discutir a crise provocada pela delação. E essa é a conclusão de muitos parlamentares: que no mínimo o calendário das votações vai se alongar muito e vai tudo atrasar.

E o dia foi de reuniões: partidos decidindo o que fazer a partir das delações, com aliados já falando em deixar o governo.

O PSDB, que tem quatro ministérios, reuniu a bancada na Câmara. Decidiu não decidir nada por enquanto. Esperar.

“A bancada decidiu que nós vamos aguardar agora os vídeos solicitando a quebra do sigilo para que a gente possa aferir o material. Em comprovando o material, a bancada solicita a saída dos ministros do PSDB”, disse o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).

Já a oposição vai tentar impedir qualquer votação à espera de que Michel Temer deixe a Presidência.

À tarde, quando ele anunciou que não iria renunciar, o plenário da Câmara estava quase vazio, mas houve reações opostas.

“Acho lamentável o pronunciamento do presidente Temer porque o áudio é gravíssimo: o presidente da República, num momento desse, difícil para o Brasil, participar de alguma forma autorizando o silêncio de um condenado pela Lava Jato. Como o presidente conduz o Brasil sendo investigado pela Suprema Corte?”, perguntou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).

“Uma fala altiva de um homem até indignado por ter sido vítima de uma cilada, de uma armação, mas que tem convicção da sua inocência e deseja que tudo seja investigado pois tem a certeza que, ao fim uma investigação séria, restará comprovado que ele não tem culpa nenhum em relação ao que lhe acusa”, afirmou o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).

Até o início da noite já eram oito pedidos de impeachment de Temer. Um deles foi apresentado em conjunto por seis partidos de oposição.

”Incluindo como um dos motivos principais do afastamento de Michel Temer e do seu impeachment a obstrução à justiça, a partir do momento em que há um flagrante publicizado, com uma tentativa de obstrução à justiça”, disse o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).

O Senado já foi notificado oficialmente da decisão do Supremo Tribunal Federal que afastou Aécio Neves das funções de senador.

Até o início da noite a Câmara ainda não tinha sido notificada da decisão sobre o deputado Rocha Loures, do PMDB do Paraná.