Às vésperas da abertura de capital (IPO) do aplicativo de transporte Uber na bolsa de Nova York, a Nyse, seus motoristas se organizaram para fazer uma grande paralisação mundial, chamada, por eles mesmos, de Uber OFF (Dia sem Uber, na tradução literal). Como toda greve que se preze, os manifestantes querem chamar a atenção para as condições de trabalho e exigem melhor remuneração da empresa. Atualmente, a Uber tem, no mundo, 3 milhões de motoristas, 600 mil deles estão no Brasil.
Nós, repórteres do Valor Investe - inclusive eu mesma, testamos o aplicativo em diversos pontos de São Paulo e conversamos com diversas pessoas para entender qual o impacto do Uber Off na cidade. Não levou nem um minuto para o aplicativo conectar um carro em todas as situações testadas. O preço também não subiu muito para a média do horário.
Portanto, ao que tudo indica, são poucos os associados que desligaram o aplicativo e compareceram às manifestações agendadas pro dia (e, claro, deixaram que a concorrência lucre). O canal no Youtube "O motorista oficial", de Thiago Lima, está acompanhando em tempo real uma paralisação no centro de São Paulo. Pelo vídeo, é possível perceber que o coro não está - pelo menos por ora - dos melhores.
Por que os motoristas da Uber pararam?
Como a maior parte das greves, os manifestantes no mundo inteiro querem condições melhores de remuneração. Em Londres, na Inglaterra, por exemplo, os motoristas pedem aumento de 2 euros por milha rodada (equivalente a 1,6 km), redução da comissão da Uber de 25% para 15% e o fim de dispensas de pessoas injustamente.
No Brasil, segundo a Amasp (Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo), eles querem um aumento de R$ 2 na tarifa básica e a diminuição da fatia que a Uber abocanha de cada corrida. Até ano passado, a taxa era fixa em 20% para quem dirige na categoria UberBLACK e 25% para UberX e outras. A empresa mudou e passou a calcular a taxa de serviço de forma variável, calculada a cada viagem, dependendo do trajeto e tempo de percurso.
Procurada, a empresa não comenta por ora.
E o que a Uber quer?
A despeito da greve, os executivos da Uber estão é preocupados com a estreia da empresa na Nyse, agendada para esta semana em Nova York (EUA). Se o valor da ação for fechado no teto da faixa de preço estimado (US$ 50), a empresa pode captar US$ 9 bilhões, o maior do ano nos Estados Unidos. A companhia planeja vender 180 milhões de papéis, ao valor de US$ 44 a US$ 50 por papel. Com isso, poderia valer entre US$ 80,5 bilhões e US$ 91,5 bilhões. No ápice da seu otimismo, a empresa chegou a divulgar que poderia atingir um valor de mercado na faixa de US$ 120 bilhões.
O problema é que sua principal rival nos Estados Unidos, a Lyft, acaba de fazer seu IPO e, pelo desempenho de suas ações, o terreno parece não estar com rosas vermelhas para a estreia do Uber não. Desde o dia 28 de março (quando a Lyft começou a ser negociada na Nasdaq), o papel despencou 18%, saindo de US$ 72,00 para US$ 59,34 (fechamento de ontem).