SÃO PAULO — O ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda, Antonio Palocci, não desistiu de negociar delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), conforme
antecipou o colunista Lauro Jardim do GLOBO
. A delação de Palocci voltou a ser tocada pelo escritório do advogado Adriano Bretas, de Curitiba, especializado em delações premiadas. Bretas se recusa a comentar o tema, por motivos de sigilo. Palocci é acusado de intermediar pagamentos que teriam o PT e o ex-presidente Lula como beneficiários, o que o ex-presidente nega.
Nesta sexta-feira, o petista dispansou o advogado criminalista José Roberto Batochio. A decisão foi anunciada pelo advogado por meio de nota oficial no início da noite. De acordo com o informe, o escritório deixa os casos “em razão de o ex-ministro haver iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a Força Tarefa Lava-jato, espécie de estratégia de defesa que os advogados da referida banca não aceitam em nenhuma das causas sob seus cuidados profissionais”. O advogado deixa a defesa de Palocci em dois processos movidos perante o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, sob o comando do juiz Sérgio Moro.
Em seu primeiro depoimento ao juiz, Palocci sinalizou com a possibilidade de colaborar com as investigações, sugerindo estar disposto a municiar a Lava-Jato com “nomes, endereços e operações realizadas” com sua participação.
A Moro, o petista mencionou a participação de uma “uma importante figura do mercado financeiro” no financiamento de campanhas políticas e informou que os dados a serem trazidos por ele resultariam em “mais um ano de trabalho” da Lava-Jato.
Atualmente Batochio atua na defesa do ex-presidente Lula, associado ao escritório do advogado Roberto Teixeira. Nesta sexta-feira, pessoas próximas a Batochio informaram que ele continua na defesa do ex-presidente.
É nomeado ministro da Fazenda de Lula. Sua gestão seria marcada pelo controle da inflação, com altas taxas de juros, e baixo crescimento do PIB. Ao mesmo tempo que obteve estabilidade na economia, recebeu críticas por não estimular o crescimento no mesmo ritmo de outros países.
27 de março de 2006
Palocci entrega a Lula carta de renúncia após ser envolvido em denúncias que culminaram na a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que havia dito à CPI dos Bingos que o petista frequentava mansão no Lago Sul, onde eram realizadas reuniões de lobistas.
1º de janeiro de 2011
É nomeado ministro da Casa Civil a pedido de do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após atuar na linha de frente da campanha petista que elegeu Dilma Rousseff para a Presidência da República. Sua volta à Esplanada dos Ministérios é vista como reabilitação política.
7 de junho de 2011
Antonio Palocci deixa a Casa Civil do governo Dilma Rousseff após revelações de que seu patrimônio havia aumentado 20 vezes entre 2006 e 2010, em razão de consultorias prestadas, inclusive quando era deputado federal. Sem revelar seus clientes, ele não resiste à pressão e pede demissão.
26 de setembro de 2016
É preso na 35ª fase da Lava-Jato, suspeito de defender interesses da Odebrecht entre 2006 e 2013, em aprovação de medidas provisórias e concessão de financiamentos do BNDES — ele seria o “Italiano” nas planilhas. Em troca teria recebido R$ 128 milhões em forma de propina para o PT.
Em depoimento a Sérgio Moro uma semana depois da divulgação do conteúdo das delações da Odebrecht, da qual foi alvo, Palocci sinaliza que pode oferecer novas informações para a Lava-Jato. “Posso lhe dar um caminho que vai lhe dar mais um ano de trabalho, que faz bem ao Brasil", diz ao juiz.