Edição do dia 03/05/2017

03/05/2017 21h01 - Atualizado em 03/05/2017 21h10

Protesto contra a Lei de Migração tem confusão e prisões em São Paulo

Quatro homens foram presos, entre eles, refugiado sírio.
Segundo polícia, eles reagiram ao protesto do Direita São Paulo.

Um protesto contra a Lei de Migração aprovada no Senado acabou em tumulto, na terça-feira (2), em São Paulo. A polícia prendeu quatro pessoas.

Parentes e amigos dos presos passaram a tarde na porta do fórum. Eles esperavam notícias sobre os quatro homens presos em flagrante, acusados dos crimes de lesão corporal, explosão e associação criminosa. Segundo a polícia, os quatro homens reagiram ao protesto na terça-feira (2), na Avenida Paulista, organizado pelo movimento Direita São Paulo.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o protesto contra a nova lei da migração, aprovada pelo Senado, e que depende da sanção do presidente da República. A lei garante igualdade de direitos aos imigrantes no Brasil. Em outro vídeo, dá para ouvir uma explosão.

No boletim de ocorrência, a Polícia Militar informou que quem lançou a bomba foram Hasan Abdul Zarif, comerciante brasileiro de origem libanesa, e o refugiado sírio Nour Alsayyd. E que Nour ainda teria acertado um golpe de jiu-jitsu num PM.

Várias pessoas dos dois grupos foram levadas para a delegacia. Ninguém que participava do protesto contra a lei da migração foi preso.

“Nós não estávamos protestando contra pessoas, protestávamos contra uma lei que acreditamos que não vai trazer nenhum benefício para o Brasil’, diz Everton Sobário, manifestante.

“Nós, que fomos as vítimas, ficamos presos. As vítimas ficaram presas e os agressores saíram tranquilamente”, comenta o presidente da Associação Islâmica de São Paulo, Mohamad El Kadri.

Por conta das acusações, um representante da OAB e o ouvidor das policias estiveram na delegacia. “As denúncias que nós recebemos são de que aconteceram arbitrariedades, irregularidades. Isso, a ouvidoria vai tomar ciência da realidade e encaminhar para os órgãos corregedores”, destaca Júlio Cesar Fernandes Neves, ouvidor das Polícias/SP.

À tarde, os quatro homens foram liberados. A Justiça impôs restrições para que Hasan e Nour fiquem em liberdade. Eles não podem participar de manifestações e palestras contrárias às leis brasileiras de imigração, estão proibidos de manter contato de qualquer tipo com as vítimas apontadas pela Justiça e não podem sair da cidade de São Paulo por mais de 15 dias sem avisar o juiz. Nos próximos dias, o Ministério Público vai decidir se eles serão processados pelos crimes.

“Eles poderão tocar suas vidas enquanto nós não demonstrarmos integralmente a verdade do que aconteceu, que foi uma agressão xenofóbica”, destaca o advogado Hugo Albuquerque.

A Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo informou, por nota, que as corregedorias das polícias civil e militar não receberam nenhuma queixa sobre conduta inadequada.

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