26/04/2014 15h35 - Atualizado em 26/04/2014 19h51

Marcha da Maconha passa pela Av. Paulista e chega à Consolação

Segundo a PM, cerca de 3 mil participaram da manifestação.
Não houve registro de incidentes até a chegada à Praça Roosevelt.

Amanda PrevidelliDo G1 São Paulo

Cerca de 3 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram neste sábado (26) da Marcha da Maconha, em defesa da legalização da droga. Os manifestantes se reuniram no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp)  e por volta das 16h20 ocuparam todas as faixas da Avenida Paulista. Às 18h, os manifestantes chegaram à Praça Roosevelt, onde fizeram uma contagem regressiva para a soltura de balões que imitam um cigarro de maconha. O evento terminou por volta das 19h, mas parte dos manifestantes continuou na praça.

Comandante da operação policial destacada para o evento,  a capitã Sheila Cunha afirmou que até as 18h50 não houve incidentes ou detenções. 

"Não teve nenhuma detenção. A marcha foi pacífica, eles cumpriram o trajeto combinado.  Não houve nenhum incidente, nenhuma ocorrência. Estamos só aguardando a dispersão dos manifestantes", afirmou. Cerca de 120 policias acompanham a marcha.

Uma das organizadoras do evento, a jornalista Gabriela Moncau estima que a marcha reuniu 15 mil pessoas.  "A marcha desse ano foi um sucesso. Nós conseguimos trazer 15 mil pessoas para as ruas, fechamos vias importantes da cidade para chamar atenção para a nossa pauta. Esse ano, nosso tema foi 'cultivar a liberdade para não colher a guerra'. A guerra às drogas não é uma guerra contra substâncias, é uma guerra contra a pessoa. E tem todos os malefícios de uma guerra: encarceramento, militarização e perseguição principalmente de quem é mais pobre", afirmou.

Moncau ressaltou que não houve atrito com a polícia. "Conseguimos ocupar as ruas tranqüilamente, a polícia não estava em cima. Eu não sei se tem a ver, mas antes da marcha nós soltamos um comunicado dizendo que a gente tem que fazer a nossa própria manifestação, sem a tutela da Polícia Militar."

Moncau comentou o uso de maconha por alguns participantes da manifestação. "É, tinha um monte de gente fumando maconha e isso é um ato político de desobediência civil e acho que isso escancara um pouco da hipocrisia da proibição porque todo mundo sabe que todo mundo fuma, quem quer comprar acha e isso também mostra essa hipocrisia."

A antropóloga Roberta Costa, também organizadora da Marcha, orientou os  próprios manifestantes a garantir que não ocorressem problemas.  "A gente está fazendo hoje a nossa própria segurança, a gente está fazendo um cordão de segurança. O objetivo dessa marcha aqui é começar aqui e terminar na Roosevelt em paz", afirmou.

Ela comparou o debate sobre a legalização das drogas no Brasil e nos Estados Unidos.
"Nos Estados Unidos, a galera que inventou a guerra às drogas, a galera que inventou o combate violento, eles terem legalizado não só para o uso medicinal, mas também para uso recreativo no Colorado e em Washington faz diferença. As drogas, elas não pegam em armas, não matam ninguém. É a política de guerra que mata as pessoas", afirmou.

A organizadora pediu mudanças na legislação para que o usuário não seja confundido com o traficante. "A gente sabe quem são os verdadeiros traficantes. A lei prevê apenas detenção de traficante, mas não faz a distinção entre traficante e usuário. E a gente sabe que traficante é aquele que tem um helicóptero cheio de cocaína, né?", afirmou.

Figurinhas da Copa
Manifestantes, inclusive crianças, aproveitam a concentração no Masp para trocar figurinhas da copa do mundo. No fundo do vão, colecionadores quase profissionais trocavam três figurinhas por uma, e as pessoas fazem fila para conseguir suas figurinhas mais desejadas.

"Eu tinha o álbum de 1958 até outro dia, mas um cara veio e levou por 700 reais", diz o engenheiro Rogério, que coleciona "várias edições do mesmo álbum".

Em outros cantos do Masp, colecionadores vendiam figurinhas para os mais desesperados para completar o álbum dessa ou de outras Copas. Uma figurinha "normal" sai por 50 centavos. A brilhante, um real.

Histórico
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu o direito de cidadãos realizarem manifestações pela legalização de drogas em todo o Brasil. Por unanimidade dos oito ministros que participaram do julgamento, o STF decidiu que a Justiça não poderá proibir protestos e eventos públicos, como as marchas da maconha.

Em 2013, a Polícia Militar deteve um jovem suspeito de porte de entorpecente. A substância não foi qualificada pelos policiais.  Houve tumulto porque participantes da marcha tentaram impedir a ação. A PM estimou que 1 mil pessoas participam da manifestação na época. Segundo o Major Élcio Góes,  150 homens realizaram o policiamento.

 

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