Rio

Após médica ser baleada, delegado pedirá placa de 'área de risco' na Maré

Klayne Moura entrou por engano na favela e foi baleada
A médica foi atingida no ombro quando entrou por engano na Maré Foto: Facebook / Reprodução
A médica foi atingida no ombro quando entrou por engano na Maré Foto: Facebook / Reprodução

RIO - Um dia após a médica Klayne Moura Teixeira de Souza, de 28 anos, ser baleada na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, o delegado Wellington Vieira, titular da 21ª DP (Bonsucesso), disse que pedirá à prefeitura que instale placas com alerta de "área de risco" nos acessos à comunidade. Klayne entrou no local por engano, depois de ser guiada pelo aplicativo "Google Maps".

— Vamos solicitar à prefeitura para sinalizar as entradas da Nova Holanda e para colocar na placa "área de risco" — disse ele.

Wellington informou ainda que a médica prestará depoimento nesta sexta-feira. Ele disse que duas testemunhas do caso serão ouvidas na próxima semana.

— Estou tentando localizar o veículo dela (de Klayne) para fazer perícia — informou o delegado.

Por nota, a CET-Rio informou que ainda não recebeu a “solicitação de implantação de placas no local onde a médica foi baleada e, que por suas atribuições, a sinalização é restrita a orientação de tráfego. As vias principais no entorno da localidade como as avenidas Brasil, Amarela e Linha Vermelha apresentam sinalização de orientação nos entroncamentos indicando destinos como Zona Sul, Zona Norte e Centro sempre pelos caminhos principais. A CET-Rio está preparando a sinalização de reforço nas avenidas Brasil, Bento Ribeiro Dantas e Linha Vermelha com o intuito de conduzir os motoristas a se manterem nas vias principais evitando o uso de rotas alternativas indicadas por GPS e outros meios.”

A médica foi baleada no ombro após entrar na Nova Holanda e se deparar com um grupo de traficantes armados. Ela foi levada para o Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul do Rio e já teve alta. Klayne é de Brejo Santo, no Ceará, onde os pais dela ainda mora. A mãe da jovem disse que, após o ocorrido, a filha tem vontade de deixar o Rio.

— Ela tinha ido ao Detran fazer a transferência de um carro que nós compramos para ela aqui no Ceará, estava marcado para 11h. Mas ela se perdeu. Passado o susto, minha filha está tentando se recuperar do trauma. Não queremos mais que ela fique aí no Rio, nem ela quer mais. Ainda não sabemos para onde ela vai, mas no Rio não é mais possível. Depois do que aconteceu, ela está com medo e nós também — disse Rita de Cássia Moura de Souza, de 50 anos.

Horas após ser baleada, Klayne disse que foi socorrida pelos próprios traficantes e que pediu para não ser morta.

— Eu fiquei com medo, fiquei apavorada. Pedi muito para que não me matassem. Eram muitos homens armados. Muitos mesmo. Eu me assustei quando vi e acelerei. Meu carro foi atingido por muitos disparos. Foi quando vi um homem batendo na janela e pedindo para abaixar o vidro. Fiquei com medo e não abaixei. Quando saí, já estava baleada. Ele viu que eu era mulher e disse que não ia fazer nada. Eu me identifiquei como médica, e eles disseram que precisavam me tirar dali porque a facção rival poderia me encontrar e me matar. Me levaram de moto para a ONG onde me ajudaram. Os funcionários da ONG foram maravilhosos comigo — disse ela.