Política República investigada

Vídeo: Policiais atiram na direção de manifestantes em Brasília

Flagrante foi feito durante a manifestação desta quarta-feira na Esplanada dos Ministérios

BRASÍLIA - Em meio a uma sequência de atos de vandalismo, que culminaram com o incêndio no térreo do prédio do Ministério da Agricultura e na depredação do patrimônio público, policiais militares do Distrito Federal foram flagrados nesta quarta-feira fazendo disparos com arma de fogo. As imagens, registradas em vídeo pelo GLOBO, mostram o momento exato em que os PMs atiram na direção de manifestantes.

O incidente na Esplanada dos Ministérios aconteceu entre os prédios dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Social, quando um grupo tentava se aproximar de um dos edifícios. Os manifestantes ainda estavam distantes da entrada do prédio, fechada por tapumes, quando alguns policiais começaram a sacar armas de fogo. Jornalistas que estavam próximos estranharam o movimento e se prepararam para registrar as imagens. Foi quando os primeiros disparos, não registrados em vídeo, foram efetuados na direção do chão.

No vídeo, um grupo de policiais aparece alinhado ao fundo quando o primeiro deles sai correndo em direção à manifestação, disparando alguns tiros para cima e depois na direção às pessoas que se aproximavam. Os manifestantes recuam em direção ao gramado central da Esplanada e os PMs avançam. Nas imagens feitas pelo GLOBO é possível ver ainda que os manifestantes atiram objetos na direção do grupo de policiais. Um policial improvisou um escudo com um pedaço de tapume.

Após os primeiros disparos — cinco no total —, em meio a policiais atônitos, um outro PM sai sozinho na direção dos manifestantes com a arma em punho. É possível ver o momento em que ele efetua disparos. Ele já não mira para o alto. A arma está apontada na direção da multidão.

Esse segundo policial que dispara dois tiros aparece sem coletes à prova de balas e grita com os colegas da corporação.

— Bora recuar, bora recuar — diz o policial, após dar os disparos.

Minutos após o registro dos disparos, manifestantes começaram a gritar do gramado que os tiros tinham atingido alguém. Um vídeo feito também pelo GLOBO mostra um manifestante ensanguentado deitado no chão do gramado, cercado de pessoas que pedem ajuda. Enquanto uns tentam conter o sangue, outros pedem socorro. É possível ouvir a voz de uma mulher pedindo para que se ligue para o serviço do Samu.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde confirmou que um homem foi atingido por um tiro de arma de fogo durante a manifestação. Não se sabe, porém, de onde partiu o disparo. A vítima foi levada para o Hospital de Base do Distrito Federal, a maior unidade de saúde pública da cidade, onde foi submetido a uma cirurgia. O governo não divulgou o estado de saúde dele.

O homem atingido por um tiro não é da cidade. Ele teria vindo em alguma das caravanas trazidas por sindicatos para o protesto de ontem em Brasília. Do total de 48 pessoas atendidas nos protestos que foram atendidas nos hospitais da cidade, apenas cinco são do DF.

A secretaria de Saúde informou ainda que outro manifestante se feriu gravemente ao tentar lançar um rojão. O artefato explodiu na mão do manifestante. Ele foi socorrido por pessoas que estavam no local e posteriormente foi levado também ao Hospital de Base. Outros atendimentos considerados graves foram de um atingido por bala de borracha e um policial que levou uma pedrada.

Policial atira em direção a manifestantes em Brasília Foto: Reprodução vídeo
Policial atira em direção a manifestantes em Brasília Foto: Reprodução vídeo

Após o protesto, o presidente Michel Temer acionou nesta quarta-feira a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para que as Forças Armadas façam a segurança da Esplanada dos Ministérios . A GLO é invocada, segundo a Defesa, quando há "esgotamento das forças tradicionais de segurança pública, em graves situações de perturbação da ordem". O dispositivo constitucional, que é de atribuição exclusiva do presidente da República, prevê que os militares podem, provisoriamente, atuar com poder de polícia.

* Colaborou Karla Gamba