NITERÓI - A peça “Anjo azul a cerca de tudo”, que será apresentada domingo no pátio do Museu de Arte Contemporânea (MAC), utiliza a arte para retratar um tema importante, a saga de autistas e seus familiares no cotidiano, criando um bom casamento entre entretenimento e conscientização.
Joel Vieira e Mônica Ferreira, que assinam o texto, são pais de uma menina portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por conhecerem de perto a vida de quem tem essa condição, analisam, no roteiro, o comportamento e a forma de pensar e de viver o mundo segundo a ótica do autista. Dessa forma, conseguem, também, mostrar como a sociedade segrega essas pessoas e se distancia delas.
O diretor da peça, Mário Sousa, explica que os atores não personificam autistas na interpretação. A ideia é não entrar numa imagem caricata, o que atrapalharia a mensagem que buscam apresentar.
— Eles são a consciência dos autistas diante das situações. Cada ator tenta mostrar como se comportam, as dificuldades, as necessidades, a supersensibilidade. O objetivo mesmo é uma reflexão sobre o que está por trás do comportamento do autista. Porque o que existe não é um preconceito, mas uma falta de conhecimento de como vive um autista, o que leva a sociedade a estranhá-los — explica Sousa.
Situações corriqueiras (como tocar neles, falar alto com eles ou repreendê-los) muitas vezes são desafios para os autistas em espaços coletivos.
A montagem marca o início de uma programação de conscientização sobre o autismo em Niterói. A próxima etapa será a capacitação dos funcionários ligados à cultura na cidade, especialmente os que atendem o público, para saberem como lidar com portadores de TEA. A apresentação é uma parceria de Odara Produções, da ONG Niterói Mais Humana e da prefeitura, por meio da Secretaria municipal de Cultura/FAN.