Edição do dia 12/08/2016

12/08/2016 08h38 - Atualizado em 13/08/2016 15h06

Ministro comete gafe ao explicar descuido dos homens com a saúde

Ricardo Barros disse que homens trabalham mais do que as mulheres e por isso não acham tempo para cuidar da saúde preventiva.

O ministro da Saúde cometeu a maior gafe quando tentou explicar por que os homens cuidam menos da saúde.

O ministro mostrou que, neste ponto específico, não sabe do que fala e errou. Ele disse que os homens, porque trabalham mais, não acham tempo para cuidar da saúde preventiva.

Não, os homens não trabalham mais que as mulheres. De acordo com o IBGE, as mulheres trabalham cinco horas a mais que os homens por semana.

Foi logo depois da solenidade de lançamento da campanha para estimular os homens a cuidar mais da saúde, fazer consultas preventivas, assim como as mulheres. Na hora de explicar aos jornalistas por que um em cada três brasileiros não procuram ajuda médica, o ministro da Saúde cometeu uma gafe.

“Os homens, até porque também trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias, eles não acham tempo para se dedicar a saúde preventiva”, afirmou Ricardo Barros.

Mais que uma gafe, foi um erro do ministro. Não é por falta de tempo que os homens não procuram os serviços de saúde. Até porque as mulheres trabalham mais que eles. Foi o que mostrou a pesquisa mais recente do IBGE.

Em média, as mulheres trabalham cinco horas a mais que os homens por semana.  São 56 horas contra 51. Isso quando se soma o trabalho principal, remunerado, e o trabalho feito em casa. Cuidar da limpeza, das roupas, das crianças, fazer as refeições.

A pesquisadora Tânia Fontenele diz que a afirmação do ministro não corresponde aos dados que mostram a evolução sobre divisão do trabalho entre homens e mulheres. E diz que a sobrecarga de trabalho tem, inclusive, afetado a saúde feminina.

“As mulheres, elas andam muito sobrecarregadas, muitas vezes estressadas, inclusive aumentando os índices de patologias também. Os adoecimentos em relação às mulheres têm aumentado muito, de cardiopatias, de hipertensão, de estresse, depressão, elas estão se vendo muito exigidas”, comenta a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Aplicada da Mulher.

A afirmação do ministro Ricardo Barros gerou certo desconforto entre colegas do Palácio do Planalto. A avaliação é de que foi uma afirmação infeliz, porque gerou polêmica desnecessariamente. Oficialmente, a assessoria de comunicação esclareceu que não se trata de uma posição do governo, mas uma opinião pessoal do ministro. 

Por telefone, a assessoria do Ministério da Saúde informou que o ministro estava tratando dos números absolutos de trabalhadores no mercado de trabalho, em que há mais homens do que mulheres. E disse que os homens deveriam mudar sua cultura e se espelhar mais nas mulheres.

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