Economia

JBS teria comprado grande volume de dólares antes de vazamento de denúncia

Empresa estaria se beneficiando de disparada da moeda, segundo operadores de mercado
Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS Foto: Eliaria Andrade / Agência O Globo
Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS Foto: Eliaria Andrade / Agência O Globo

RIO - Horas antes da divulgação da denúncia de seus executivos contra o presidente Michel Temer, o grupo JBS teria comprado grande volume de dólares no mercado de câmbio, segundo operadores financeiros. Assim, a companhia estaria se beneficiando do salto de mais de 8% da divisa americana na sessão desta quinta-feira, provocado justamente pelas alegações de Joesley Batista contra Temer. Se confirmado, o movimento configuraria uso indevido de informações privilegiadas ( insider trading ), prática vedada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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A informação foi primeiro publicada pelas colunas “Poder em Jogo”, de Lydia Medeiros, no GLOBO, e de Sônia Racy, no “Estado de S. Paulo”.

— Pelo que parece, na sessão de ontem, eles acessaram o mercado de câmbio e em meia hora compraram uma enorme quantidade de dólares — disse um operador de câmbio, que preferiu não ser identificado. — Trata-se de algo que a CVM precisa averiguar.

Ontem, na sessão em que o grupo JBS teria entrado como força compradora, o real teve a maior depreciação entre as 31 divisas mais relevantes do mundo, com o dólar comercial saltando 1,2%, a R$ 3,13. Hoje, o dólar comercial está sendo negociado a R$ 3,392. Como o mercado financeiro prevê sigilo dos investidores por trás de cada operação, não é possível identificar explicitamente a JBS como solicitante das operações.

O grupo JBS é reconhecido por sua agressividade no mercado de câmbio, considerada excessiva mesmo para uma empresa com negócios importantes no mercado exterior.

Procurada pelo GLOBO, a CVM não se pronunciou especificamente sobre a denúncia contra a JBS, reforçando que seu posicionamento oficial estava em nota divulgada esta tarde em seu site. No texto, a autarquia afirmou que “está acompanhando as recentes notícias veiculadas pela imprensa e monitorando o funcionamento ordenado dos mercados de valores mobiliários.”

“A CVM também comunica que os fatos e desdobramentos envolvendo companhias abertas ou outros participantes do mercado de valores mobiliários referentes à Operação Lava Jato vêm sendo devidamente analisados pela Autarquia, à luz do seu mandato legal nos termos da Lei nº 6.385/76 e dos acordos de cooperação que mantém com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, sendo que novas ocorrências serão devidamente apuradas e incorporadas nas análises”, acrescentou a nota.