Por Tahiane Stochero , G1 SP — São Paulo


Candidatos à lista tríplice de indicados para chefiar a Procuradoria Geral da República — Foto: Tahiane Stochero/G1

Os oito candidatos à lista tríplice para o cargo de procurador-geral da República, hoje ocupado por Rodrigo Janot, participaram de debate nesta segunda-feira (29) na sede do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo. Eles defenderam a continuidade da Operação Lava Jato, o combate à corrupção, a garantia dos direitos humanos e da defesa dos interesses da população.

Os oito candidatos disputam a eleição para a formação de uma lista tríplice que será enviada ao presidente da República, Michel Temer. A eleição é organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e apenas procuradores votam.

O presidente não é obrigado a nomear um candidato da lista tríplice, mas normalmente os presidentes escolhem dentre os mais votados, por representar a vontade da categoria. Janot deixa o cargo em setembro, após dois mandatos consecutivos de dois anos.

A candidata Ela Wiecko não pode comparecer ao evento. Estiveram presentes Carlos Frederico Santos, Eitel Santiago de Brito Pereira, Franklin Rodrigues da Costa, Mario Luiz Bonsaglia, Nicolao Dino, Raquel Elias Ferreira Dodge e Sandra Verônica Cureau.

Mario Luiz Bonsaglia

Durante o debate, Bonsaglia salientou que já foi candidato ao posto, tendo ficado em segundo lugar na lista tríplice, e defendeu o diálogo, tanto dentro do MPF quanto externo, além do combate ao trabalho escravo. "Sabemos que os tempos são de mudança, e são enormes os desafios. Garantirei a continuidade da Lava Jato, tanto em Curitiba quanto em outras forças-tarefas, defendendo também a tutela coletiva, outra responsabilidade do MPF, que é defender os direitos humanos", disse.

Nicolau Dino

Dino salientou três pilares de suas propostas, entre elas a importância de grandes investigações de combate ao crime organizado, a defesa de temas relativos à tutelas difusas e coletivas, como questões ambientais (em especial o desastre em Mariana, em Minas Gerais) e o fortalecimento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O procurador também defendeu que o representante do Ministério Público no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) seja procedente do MPF, e não de outros ramos da PGR, como o Ministério Público do Trabalho ou Militar.

Sandra Verônica Cureau

Três mulheres concorrem ao cargo. Sandra Verônica Cureau disse que, se fosse chefe do MPF, iria determinar uma "quarentena" para o caso de procuradores que investigam corrupção deixarem o cargo para se tornarem advogados.

Raquel Elias Ferreira Dodge

Raquel Elias Ferreira Dodge defendeu aumento da equipe da PGR para o combate à corrupção e da preocupação com o Custo Brasil, já que o MPF atua em questão da concessão de portos e aeroportos e em obras públicas. "A Lava Jato tem demonstrado que ninguém está acima da lei, e povo brasileiro já entendeu este recado. Agora, é preciso esforço para que ninguém esteja abaixo da lei", defendeu Raquel.

Franklin Rodrigues da Costa

Franklin Costa se posicionou a favor de maior reforço da atuação da PGR na defesa dos direitos humanos e cidadania, como a questão dos refugiados que migram de países da América Latina, como Bolívia e Venezuela, para o Brasil.

Carlos Frederico Santos

Carlos Frederico Santos defendeu abertura de diálogo e cumprimento da Constituição, e análise sobre os crimes de caixa 2 para verificar em que situações ocorrem "antes de abarrotar o STF com processos". "Eu sou favorável ao fim do foro por prerrogativa de função", declarou.

Ela Wiecko

A mesma defesa dos valores da Constituição foi feita pela candidata Ela Wiecko, que mandou um vídeo.

A campanha ocorre até o dia 26 de junho e a votação da categoria será realizada na última semana de junho.

Falta de profissionais

Um dos pontos discutidos no debate foi a falta de profissionais nas procuradorias regionais devido ao recrutamento de procuradores para forças tarefas, como a Lava Jato, ou assessorias, como a do Procurador-geral da República, encarregado de processos de políticos com foro privilegiado. Todos os candidatos se posicionaram a favor de limitação dos afastamentos dos procuradores para estas tarefas.

Eitel Santiago de Brito Pereira

"Não se pode desfalcar as unidades que tem outras bandeiras a levantar em um momento de retrocesso no país, como a questão indígena", defendeu Eitel.

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