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Artigo: Na cabine interativa da exposição, histórias da banda para compartilhar

Acima de qualquer nostalgia, geração do Nirvana deixa lições
Kurt Cobain em foto da exposição “Taking punk to the masses” Foto: Divulgação
Kurt Cobain em foto da exposição “Taking punk to the masses” Foto: Divulgação

Meninos, eu vi “Taking punk to the masses”. Era uma quente tarde de verão em Seattle, galáxias distante dos clichês de cidade cinzenta e sem vida ao ar livre. Enquanto minha filha, na época com oito aninhos, testava os tímpanos com uma farta degustação de bandas hardcore (Black Flag, Flipper, Minor Threat) nos fones de ouvido, eu, nascido no mesmo ano que Kurt Cobain (1967-1994), fiquei livre para derrapar pelas pistas da memória. As filipetas, as fitas demo, as páginas dos caderninhos com desenhos e aquelas letras que Cobain rabiscava minutos antes de gravar; as fotos em preto e branco de Charles Petersen que tanto colaboraram para a mística das bandas, as capas de revista, os fanzines, velhos formatos e integridade...

Eu estava lá, nos anos 1990, como jovem jornalista, quando tudo isso ganhou o mundo. Vi o Nirvana em Buenos Aires, São Paulo, Rio e Barcelona. Topei com Cobain em hotéis de São Paulo e Rio, infelizmente em momentos ruins para entrevista: no Rio Palace, ele e Courtney Love estavam em pleno barraco de casal; no Maksoud, ele repetiu três vezes “I’ve got halitosis” e balbuciou frases sem sentido.

Mas na exposição, com a memória irrigada por tantos elementos, pude finalmente trocar uma ideia com Cobain, na cabine interativa “share your Nirvana story” (todo mundo com mais de 30 tem uma “Nirvana story” para compartilhar, né?). Mandei um monólogo, mas juro que o ouvi dizer no final: “Faça você mesmo”.