Por Matheus Garrôcho, G1 Centro-Oeste de Minas


Cooperados chegam a reutilizar 23% de tudo que é coletado — Foto: Coopert/Divulgação

Um projeto desenvolvido por catadores de materiais recicláveis no Centro-Oeste de Minas tem se destacado na região. Em Itaúna, a Cooperativa de Reciclagem e Trabalho (Coopert) atende a 65% do município e reaproveita em torno de 23% do material recolhido, segundo dados do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), que acompanha o trabalho.

Recentemente, o trabalho foi reconhecido pelo prêmio "Melhores Práticas em Gestão Local", que é um projeto concedido a cada dois anos pela Caixa Econômica Federal para iniciativas sustentáveis que gerem impacto na qualidade de vida das comunidades onde são executadas.

Os catadores de Itaúna estão entre os 11 selecionados em novembro de 2017 com o projeto que já tem quase 20 anos de história.

"Hoje, com a coleta seletiva e com os parceiros, com a população, com o poder público, a gente vê que a cidade é uma cidade limpa, boa de se viver, boa de se andar e nós queremos mais. Melhorar mais", disse o presidente da cooperativa, Maria Joana Oliveira.

A presidente da Coopert, Maria Joana Oliveira, se orgulha do trabalho feito na cidade. — Foto: Caixa/Divulgação

A Cooperativa

A Coopert foi fundada em 1999 por catadores, representantes de sindicatos locais e do poder público municipal. Na época, a atual coordenadora do projeto, Maria Madalena Duarte, era a presidente.

"A gente começou a se reunir, tivemos várias capacitações, associativismo, cooperativismo e, a partir daí, surgiu a ideia e nasceu a cooperativa", lembrou em um filme produzido pela Caixa sobre o projeto.

Atual coordenadora da Coopert, Maria Madalena Duarte foi uma das responsáveis pela organização da cooperativa. — Foto: Caixa/Divulgação

A cooperada Nilcelena dos Santos contou ao G1 que foi a partir dessas primeiras inciativas que surgiram as campanhas sobre coleta seletiva na cidade.

"No início, quando foi liberado o espaço, o lixo não era seco. Era um lixo orgânico, que era levado para gente e a gente começou a fazer mobilização na cidade e ir de porta em porta fazer campanha de coleta seletiva", explicou.

"Iam sempre dois ou três cooperados, de porta em porta, pra conversar com a população. Os cooperados explicavam para eles qual é a importância dessa separação do lixo seco e do lixo molhado", lembra a atual presidente da Coopert.

Transformação social

Desde 2012, a cooperativa cuida de toda a coleta seletiva na cidade por meio de contrato firmado com a Prefeitura. São os próprios catadores que fazem e executam o planejamento do serviço.

Por meio da assessoria de comunicação, a Prefeitura de Itaúna informou que o contrato foi renovado em abril de 2017 e os repasses mensais do município à cooperativa foram reajustados em 15%, passando de R$ 136,7 mil por mês para R$ 157,2 mil.

De acordo com o diretor do Saae, Samuel Nunes, atualmente a Coopert possui 72 cooperados que recebem, em média, pouco mais de dois salários mínimos por mês.

"Nós tiramos aquele preconceito de lixeiro e fizemos, de fato, uma inclusão social, onde eles têm uma renda de aproximadamente R$ 2.400 que, a nível Brasil, é um salário pela profissão que antes era totalmente informal e com um certo preconceito", afirmou Nunes.

Para Maria Madalena, a maior transformação social promovida foi a justiça social feita a partir do momento em que foram reconhecidos como trabalhadores.

"A partir disso, a gente ganhou o resgate da nossa cidadania e a autoestima dessas pessoas, dessas famílias. O direito da vida, o direito do trabalho, o direito de ir e vir, o direito de você ter condição à saúde, à moradia, à educação", reforçou Oliveira.

Com a coleta seletiva, cooperados chegam a receber pouco mais de dois salários mínimos em Itaúna — Foto: CAIXA/Divulgação

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