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Sueco 'The square' ganha a Palma de Ouro no Festival de Cannes

Grande prêmio do júri ficou com a produção francesa '120 battements par minute'
O cineasta Ruben Ostlund não conteve a empolgação ao receber a Palma de Ouro em Cannes, por seu filme 'The square' Foto: STEPHANE MAHE / REUTERS
O cineasta Ruben Ostlund não conteve a empolgação ao receber a Palma de Ouro em Cannes, por seu filme 'The square' Foto: STEPHANE MAHE / REUTERS

CANNES — A produção sueca “ The square ”, de Ruben Östlund, foi a grande vencedora da Palma de Ouro do 70º Festival de Cannes, encerrado na noite deste domingo (28).  O filme é centrado na figura de um curador de um importante museu de arte contemporânea de Estocolmo, vítima de um pequeno incidente na rua que desencadeia uma série de situações vexaminosas.

“The square” trafega entre a ironia intelectual e o absurdo antropológico, opondo o ambiente exclusivista das galerias de arte e realidade das ruas, cheias de imigrantes e desempregados, e os subúrbios. A vitória representa um grande passo na carreira de Östlund, vencedor do prêmio da crítica da mostra paralela Um Certo Olhar de 2014, com o drama familiar “Força maior”.

O prêmio de direção ficou com Sofia Coppola, autora de “O estranho que nós amamos”, drama de época ambientado em um pensionato para meninas do Mississipi, durante a Guerra Civil americana. Coppola torna-se assim a segunda mulher a ganhar o prêmio de melhor direção em Cannes. Até então apenas a cineasta soviética Yuliya Solntseva havia vencido por "A epopeia dos anos de fogo", em 1961.

A diretora não estava em Cannes para a cerimônia de premiação, mas enviou uma longa mensagem de agradecimento, na qual menciona a neozelandesa Jane Campion, única mulher a ganhar a Palma de Ouro, com “O piano”, em 1993, como uma de suas “inspirações” na carreira. Naquela ano o prêmio de direção foi para Mike Leigh, por 'Nu".

O grande prêmio do júri ficou com a produção francesa “120 battements par minute”, de Robin Campillo, que reconstitui o dia a dia de militantes do grupo Act Up, que atuou na conscientização sobre a epidemia da Aids, no início dos anos 1990.

PRÊMIO ESPECIAL PARA NICOLE KIDMAN

O júri também concedeu um prêmio especial pelo 70º aniversário do festival, dedicado à atriz Nicole Kidman, que agradeceu o tributo enviando um vídeo. A atriz teve quatro trabalhos seus exibido em Cannes este ano, dois deles em competição (“O estranho que nós amamos”, de Sofia Coppola, e “The killing of a sacred dear”, de Yorgos Lanthimos).

Diane Kruger ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes 2017 por seu trabalho em 'In the fade' Foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP
Diane Kruger ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes 2017 por seu trabalho em 'In the fade' Foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP

O americano Joaquin Phoenix foi eleito o melhor ator da competição, por sua performance em “You were really never here”, de Lynne Ramsay, no qual vive um violento agente secreto assombrado por traumas da infância. A atriz alemã Diane Krueger ganhou o troféu de melhor interpretação feminina por seu papel em “In the fade”, de Fatih Akin. Nele, Diane encarna uma mulher que perdeu o marido e o filho em um atentando atribuído a um grupo neonazista em Hamburgo.

O prêmio do júri foi para a produção russa “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev. O filme fala do misterioso desaparecimento de um menino no auge da crise da separação de seus pais. Houve dois laureados na categoria roteiro: “The killing of a sacred dear”, de Yorgos Lanthimos, sobre uma família de um cirurgião de Nova York atirada no meio de uma sangrenta trama de vingança, e “You were really never here”, de Lynne Ramsay.

O júri da competição de curtas-metragens, presidido pelo cineasta romeno Cristian Mungiu, elegeu “A gentle night”, do chinês Qui Yang, como o melhor filme da categoria. Na seção de curtas da Cinefondation, com produções universitárias, na qual concorria o brasileiro “Vazio do lado de fora”, de Eduardo Brandão Pinto, foram premiados “Paul est là”, da belga Valentina Maurel (primeiro prêmio); “Heyvan”, dos iranianos Bahram Ark e Bahman Ark (segundo prêmio); e “Deux égarés son morts”, do francês Tommaso Usberti (terceiro).

O prêmio Caméra d’Or, para longa-metragem de diretor estreante, foi para “Jeune femme”, da francesa Léonor Serraille, exibido na mostra paralela Um Certo Olhar.

O júri da competição oficial foi composto pelos diretores Pedro Almodóvar, Park Chan-wook, Paolo Sorrentino, e Maren Ade, as atrizes Jessica Chastain, Fan Bingbing, Agnès Jaoui, o ator Will Smith, e o compositor Gabriel Yard.

LISTA DE VENCEDORES

Filme: “The square”, de Ruben Öslund

Diretor: Sofia Coppola, por “O estranho que nós amamos”

Prêmio do júri: “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev

Grande prêmio do júri: “120 battements par minute”, de Robin Campillo

Prêmio especial do 70º aniversário de Cannes: Nicole Kidman

Roteiro: “The killing of a sacred dear”, de Yorgos Lanthimos, e “You were really never here”, de Lynne Ramsay

Ator: Joaquin Phoenix, por “Your were never really here”

Atriz: Diane Krueger, por “In the fade”

Curta-metragem: “A gentle night”, de Qui Yang

Caméra d’Or (primeiro filme): “Jeune femme”, de Léonor Serraille