Política Lava-Jato

Rocha Loures entrega 'mala da propina' com R$ 35 mil a menos

Não há no documento protocolado no STF explicação para o valor ser menor do que o recebido da JBS
Na última vez que a mala havia sido vista, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures saiu com ela de um estacionamento de uma pizzaria de São Paulo, em 28 de abril Foto: Reprodução
Na última vez que a mala havia sido vista, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures saiu com ela de um estacionamento de uma pizzaria de São Paulo, em 28 de abril Foto: Reprodução

BRASÍLIA -  Quatro dias depois de chegar ao Brasil, vindo de uma viagem aos Estados Unidos, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) devolveu a mala que havia sido entregue a ele pelo diretor da JBS Ricardo Saud. Mas, segundo o auto de apreensão da PF, protocolado pela defesa de Loures no Supremo Tribunal Federal (STF), havia 9.300 cédulas de R$ 50, totalizando R$ 465 mil. A delação dos executivos da JBS aponta que ele recebeu R$ 500 mil. Assim, ainda faltariam R$ 35 mil. ( TUDO SOBRE A "REPÚBLICA INVESTIGADA" )

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A defesa também informou que o deputado afastado entregou seu passaporte. Para comprovar isso, protocolou outro auto de apreensão da PF. O dinheiro e o documento foram entregues às 21h20 de segunda-feira na Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo. Não há no documento explicação para o valor ser menor do que o recebido da JBS.

"Rodrigo Santos da Rocha Loures, por seus advogados, nos autos do inquérito policial nº 4483, vem perante Vossa Excelência informar que, na data de ontem, entregou à Autoridade Policial lotada na Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo/SP uma mala contendo valores em espécie diretamente relacionados à presente investigação, bem como seu passaporte oficial, conforme consta dos autos de apreensão em anexo", diz o documento de Rochas Loures.
"Valor toral R$ 465.000,00 (quatrocentos e sessenta e cinco mil reais) acondicionadas em uma mala cor predominante preta. Lacre nº 0888271", diz trecho do auto de apreensão.

Em documento protocolado no STF na última sexta-feira - e depois novamente na segunda-feira -, Rocha Loures já tinha manifestado "o desejo de entregar ao Ministério Público Federal valores em espécie diretamente relacionados às investigações". Mas também pedia que, por segurança, o caso tramitasse em sigilo e fosse marcada uma audiência formal para a entrega da mala. Em outra petição, também protocolada na segunda, ele pediu que a PF fosse oficiada para fornecer "as orientações cabíveis para referida devolução".

Em delação, Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, afirmou que Rocha Loures foi indicado pelo presidente Michel Temer para tratar de assuntos de interesse da empresa. Na última vez que a mala havia sido vista, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures saiu com ela de um estacionamento de uma pizzaria de São Paulo, em 28 de abril, e entrou correndo em um táxi.

Documento da PF que mostra que a mala que estava em poder de Rocha Loures estava com R$ 465 mil Foto: Reprodução
Documento da PF que mostra que a mala que estava em poder de Rocha Loures estava com R$ 465 mil Foto: Reprodução

A mala foi entregue a ele por Ricardo Saud, diretor da JBS, também delator. A entrega foi filmada pela PF, que não acompanhou o táxi. A entrega da mala confirma a informação dada pelos investigadores, de que a bagagem estava com o deputado.

Rocha Loures é investigado em um inquérito aberto no STF juntamente com o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

RETORNO SOB GRITOS DE 'LADRÃO'

Rodrigo Rocha Loures retornou ao Brasil na última sexta-feira. Ele estava em Nova York, nos Estados Unidos, e desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, sob gritos de "ladrão" . Quando estourou a delação da JBS, o deputado disse que voltaria ao país para prestar os devidos esclarecimentos. Ao chegar, afirmou que esclareceria a história "no momento adequado".

Três partidos já protocolaram, nesta segunda-feira, pedidos de cassação do mandato de Loures por quebra de decoro parlamentar : Rede, PSB e PSOL. Os pedidos foram feitos junto ao Conselho de Ética da Câmara, que decidirá se vai ou não abrir processo. O deputado já está afastado do mandato por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

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