Por Jonas Campos, RBS TV


Polícia ouve parentes dos responsáveis pela construção do túnel que daria acesso a cadeia

Polícia ouve parentes dos responsáveis pela construção do túnel que daria acesso a cadeia

A Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira (19) a segunda fase da operação que investiga a construção de um túnel até a Cadeia Pública de Porto Alegre, antigo Presídio Central, descoberto em fevereiro deste ano. São cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva em oito cidades gaúchas.

Os alvos da operação são pessoas envolvidas com a construção do túnel em uma casa nos arredores da cadeia. Pessoa próximas, parentes de presos e até profissionais são suspeitos de envolvimento na obra.

"Essa segunda fase serve justamente para isso, para juntarmos mais indícios, mais questões circunstanciais que apontem quem são as pessoas graduadas que trabalharam nesse plano de fuga", afirma o diretor de Investigações do Denarc, Mário Souza.

Um dos mandados foi cumprido em Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, na casa da esposa de um homem que foi preso dentro do túnel. Ela também é filha de um criminoso condenado a mais de 150 anos de prisão, e que está na Cadeia Pública de Porto Alegre.

A polícia suspeita que ela sabia do plano de fuga, e que possa ter ajudado o pai e o marido. No entanto, ela nega a suspeita. "Não sabia", afirmou Maria Eduarda Almeida Nunes.

Ferramenta usada para contrução de túnel — Foto: Polícia Civil/Divulgação

O túnel foi fechado, mas as investigações continuaram para determinar a responsabilidade pela construção. Os agentes do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) encontraram ferramentas que estão auxiliando nas investigações. A polícia chegou a profissionais que podem ter ajudado os criminosos.

Por meio do número de série das ferramentas, foi possível rastrear o caminho que elas percorreram até chegar aos criminosos que estavam construindo o túnel. Uma delas foi comprada em uma loja de Porto Alegre, e a polícia já tem o nome do responsável pela aquisição, que teria sido um empreiteiro. O mesmo rastreamento foi feito com uma bomba de sucção de água encontrada no local.

Bomba usada para retirar água do túnel — Foto: Polícia Civil/Divulgação

"A questão toda é descobrir se essas pessoas tinham ciência ou auxiliaram na confecção do plano, sim ou não. Alguns dos conduzidos nós já temos elementos que apontam, sim, participação no plano. E outros nós estamos trazendo para angariar maiores provas, com apreensão de mídias e documentos que serão analisados oportunamente", detalhou o delegado Rafael Soares Pereira.

No decorrer das investigações, a polícia teve acesso ainda a imagens que comprovariam que as pessoas envolvidas na construção do túnel não eram meros trabalhadores contratados, mas sim suspeitos com envolvimento com atividades criminosas. Nas fotos, eles aparecem com drogas, exibindo armas e balanças de precisão.

A primeira fase da investigação já apurou que o plano foi arquitetado e financiado por ao menos quatro criminosos que estão presos na Cadeia Pública de Porto Alegre, e cujas penas somadas passam de 300 anos.

"Esse plano, essa arquitetura, esse R$ 1,5 milhão gastos, foi no sentido de que essas quatro pessoas, cinco pessoas, alguns poucos líderes, pudessem fugir do Presídio Central (Cadeia Pública de Porto Alegre) e sair à rua pra seguir tocando sua atividade do crime organizado", completou Mario Souza.

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