Por G1


Apontado como intermediário do presidente Michel Temer para assuntos do grupo J&F com o governo, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) ofereceu ao dono da empresa, Joesley Batista, indicação de nomeações para o Banco Central, a Receita, o Cade, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN).

A informação é do jornal "O Globo" e faria parte da delação de Joesley e de seu irmão, Wesley Batista, para a Procuradoria-Geral da República (PGR) na Lava Jato. A delação foi homologada nesta manhã pelo ministro relator da operação no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, mas seu conteúdo ainda está sob sigilo.

Joesley entregou para os procuradores a gravação de uma conversa com Rodrigo no dia 13 de março deste ano. Aos 10 minutos de conversa, Joesley diz ao deputado que, para destravar negócios do grupo J&F, precisaria que pessoas que pudessem lhe ajudar ocupassem "posições-chaves" em órgãos como o Cade, a CVM, a Receita Federal, o Banco Central e a PFN.

Rocha Loures, então, oferece a Joesley a possibilidade de levar algum nome indicado por ele para o conhecimento de Temer. Também faz uma série de telefonemas na frente do empresário para pessoas desses órgãos. Joesley, então, muda de assunto, segundo o jornal.

Em nota divulgada nesta quarta (17), após "O Globo" dar informações da delação da JBS, a assessoria de imprensa de Rocha Loures afirmou que o deputado estava em Nova York e que, deveria voltar ao Brasil nesta quinta. "Em seu retorno, o deputado deverá se inteirar e esclarecer os fatos divulgados", diz o texto.

Deputado que receberia a propina da JBS tem a confiança de Michel Temer

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'Fale com o Rodrigo'

Segundo as informações de "O Globo" sobre a delação, foi o próprio Temer que indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures como intermediário para os assuntos do grupo J&F .

Numa conversa gravada em 7 de março, no Palácio do Jaburu, Joesley pediu a ajuda de Temer para resolver uma pendência da J&F no governo, ao que o presidente teria respondido: "Fale com o Rodrigo".

Joesley então pergunta: "Posso falar tudo com ele?". Ao que Temer teria respondido: "Tudo".

Em nota, o advogado de Loures, José Luis Oliveira Lima, afirmou que "tão logo se conheça o teor da investigação, todos os esclarecimentos devidos serão apresentados pelo Deputado Rodrigo Rocha Loures". A defesa afirma que ainda não teve "acesso aos procedimentos que tramitam no STF". "Registramos que o deputado está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos devidos", finaliza o texto.

Na delação, Joesley também teria dito que Temer deu aval para que o empresário continuasse a pegar uma "mesada" ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para que se mantivesse em silêncio após ser preso na Lava Jato.

Em nota divulgada na noite desta quarta-feira (17), a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência disse que Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".

Veja a íntegra da nota do Planalto:

NOTA À IMPRENSA

O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.

O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.

O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados.

SECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PRESIDÊNCIA

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