Política

Apenas Maluf defende Temer em sessão da CCJ da Câmara

Comissão de Constituição e Justiça será o primeiro lugar a analisar denúncia contra presidente

O deputado federal Paulo Maluf
Foto: Ailton Freitas / Agência O Globo 11/04/2016
O deputado federal Paulo Maluf Foto: Ailton Freitas / Agência O Globo 11/04/2016

BRASÍLIA - Palco que analisará em primeiro lugar a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara teve nesta terça-feira uma sessão repleta de discursos contra Temer. Apenas o deputado Paulo Maluf fez uma defesa, mesmo que velada, do presidente, afirmando que a CCJ não deve se pautar por pesquisas e que o importante é manter uma estabilidade para levar às eleições de 2018.

- Acredito que sou o mais velho e o mais antigo deputado na CCJ. Estamos aqui na CCJ, que é uma comissão de Constituição e Justiça. Na hora em que os nossos votos tiverem que ser orientados pelo Datafolha, temos que rasgar a Constituição e pedir ao pessoal do Datafolha e do Ibope que venham aqui orientar nossa atitude. Falam em emprego, mas estão fazendo um terrorismo contra o empresariado deste país.  É preciso chegar até outubro do ano que vem para as eleições diretas e, a partir daí, tentar construir um Brasil que queremos que seja construído - disse Maluf.

A denúncia enviada ao Supremo Tribunal Federal deverá ser remetida ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Diferente de um pedido de impeachment, Maia não tem o poder de rejeitar uma denúncia contra o presidente da República. Ele é obrigado a enviar para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que dará seu parecer sobre a abertura do processo.

Na CCJ, caberá ao presidente da comissão definir o relator. A defesa do presidente tem até 10 sessões para argumentar contra denúncia. O Palácio do Planalto quer acelerar o trâmite e apresentar em apenas três. A partir daí, o relator tem cinco sessões para votar seu parecer.

Na sequência, a denúncia é levada para votação em plenário, mesmo se a CCJ votar pelo arquivamento. Para ser aceita, é necessário o apoio de 342 dos 513 deputados.

A tramitação na câmara
Os próximos passos e as possíveis conseqüências da denúncia
STF remete pedido à Câmara
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, enviará ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de abertura do processo. A presidente do STF, Cármen Lúcia, encaminhará o pedido à Câmara dos Deputados.
Defesa
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebe o pedido e o encaminha à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A partir daí, a defesa de Temer terá o prazo de dez sessões da Câmara para, se quiser, enviar argumentos de defesa.
CCJ analisa
O presidente da CCJ indicará um relator para o caso. A CCJ tem o prazo de cinco sessões (estendível por mais duas sessões por eventual pedido de vistas) para votar o parecer, a favor ou contra o prosseguimento da denúncia.
Votação no plenário
Seja qual for o resultado na CCJ, o parecer será votado no plenário da Casa. Para que seja dada autorização de abertura do processo, são necessários os votos de 342 deputados (dois terços dos 513 parlamentares).
Resultado
Se a Câmara aprovar a abertura de processo, o caso volta para o STF. Assim que o Supremo instaurar a ação penal, Temer se torna réu e terá de se afastar do cargo por até 180 dias. Se a Câmara vetar a abertura do processo, a ação fica suspensa até o fim do mandato do presidente.
A tramitação na câmara
Os próximos passos e as possíveis
conseqüências da denúncia