Economia

Maia diz que pauta alternativa à Previdência é um equívoco e desrespeito ao Parlamento

Presidente da Câmara disse que agenda é composta por matérias que já tramitam na Câmara
O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, RODRIGO MAIA
Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, RODRIGO MAIA Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA — Menos de 24 horas depois de o governo apresentar um plano B com medidas econômicas alternativas à reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a lista de propostas é um "café velho e frio". Ele classificou o anúncio como um "equívoco" e desrespeito ao Parlamento, já que a agenda é composta por matérias que já tramitam na Câmara.

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Na noite de segunda-feira, na tentativa de dar uma resposta à sociedade ao fato de a reforma da Previdência estar descartada, os ministros da área econômica anunciaram uma lista de 15 propostas que podem preencher o vácuo deixado . A reforma da Previdência, bem como outras propostas de emenda à Constituição (PECs) não poderão ser votadas enquanto vigorar a intervenção federal no Rio de Janeiro.

Em mais um episódio de estranhamento entre Maia e o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara demonstrou irritação com o que entendeu ser uma interferência do Executivo no andamento dos trabalhos do Legislativo.

— A pauta da Câmara é da Câmara, os projetos já estão na Câmara. Se o governo quer uma pauta econômica nova, apresente uma pauta econômica nova. As que estão aqui o tempo de discussão e de votação é da Presidência da Câmara e depois, da Presidência do Senado. Vamos respeitar a independência de ontem. Acho que a apresentação de ontem foi um equívoco, foi um pouco de desrespeito ao Parlamento e nós vamos pautar o que nós entendemos relevante, no nosso tempo, e da forma que nós entenderemos melhor para o Brasil e para o Parlamento — disse Maia, ao chegar à Câmara no fim da tarde desta terça-feira.

O presidente da Câmara frisou que quem define o calendário de votação da Câmara é ele, e que a lista apresentado pelo Planalto ontem não terá prioridade na Câmara. Perguntado sobre os 15 itens elencados pelo governo, disse que nem leu e nem irá ler.

— Esta não será a pauta da Câmara. A pauta da Câmara é a pauta que nós entendermos que é o que nós queremos pautar de relevante para o Brasil. O governo não precisa ficar apresentando pautas, pautas de projetos que já estão aqui. Isso é um café velho e frio que não atende como novidade a sociedade.

Maia também disse não ver possibilidade de votar a reforma da Previdência por meio de outros projetos que não emendem a Constituição. Ele reafirmou que o governo não tem votos para aprovar essa pauta.

JUCÁ DEFENDE PAUTA

Já o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-CE), defendeu as medidas, dizendo que elas foram bem aceitas pelo mercado.

— A oposição deveria prestar atenção que hoje a Bolsa subiu, as avaliações econômicas foram positivas. A pauta é consentânea com a realidade e importante na macroeconomia, na micro e na forma de funcionamento do governo. A oposição vai continuar reclamando e vendo a caravana passar — avaliou.

De acordo com Jucá, a reforma da Previdência continua sendo "urgente", mas não é possível votá-la agora.

—Não se trata de cachorro morto ou vivo, nós não podemos votar emenda constitucional. A reforma da Previdência continua sendo urgente, continua sendo importante mas constitucionalmente é inadmissivel neste momento — argumentou.